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Semanário dos Bruxos

[COLUNA] Apresentação

Bem-Vindos, Bem-Vindos! À mais uma coluna na PH! =)

Meu nome é Raisa,mas me chame de Rah! Moro em SP, e adoro escrever sobre Harry Potter. Minha coluna será de modo geral sobre a vida dos artistas,sobre as curiosidades da trama e sobre os personagens da série. Vou escrever um pouco sobre minha pessoa Potteriana para vocês não dizerem: “Who is that bloody girl? ¬¬” (“Quem é essa maldita garota? ¬¬”)

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Caldo de Erumpente

[COLUNA] Harry Potter: para crianças maduras ou adultos infantilizados?

Eu e meu sobrinho (14 anos) combinamos de ir juntos para a estréia de HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE. Minha irmã caçula, com todos os seus dezoito anos de vida, não podia ficar de fora: apressou-se logo em dizer que nos acompanharia. Por fim, Mamãe, com suas dignas 43 primaveras, engrossou nossa caravana. Duas amigas da faculdade também manifestaram interesse, mas esbarraram na limitação dos ingressos (estavam esgotados). Ah, e por mais que ele protestasse, não poderíamos levar o pobre do meu priminho de nove anos, pois a censura não permitiria.

Com este cenário, andei matutando sobre a pluralidade de pessoas que curte a série de J. K. Rowling. Não é mesmo curioso que eu e minhas colegas de faculdade tenham a mesma paixão que meu sobrinho de 14? Um dos pontos interessantes a analisar entre os leitores do jovem bruxo é a diversidade etária. É claro que a maioria dos leitores é jovem, mas mesmo dentro da categoria “juventude” encontramos fases diversas. Definitivamente, a saga Harry Potter agrada um público enorme e variado. Para explicar tal abrangência, levantei duas hipóteses.

A primeira hipótese é também a mais óbvia: quando tornaram-se fãs do então pequenino Harry Potter, as pessoas eram quase ou tão pequeninas quanto o bruxinho (esse foi o meu caso). Como a série exerce grande fascínio e um incomum apego, os leitorezinhos ficaram adultos e não largaram mais o mundo mágico de J.K. O que reforça essa tese é o incontestável amadurecimento de Harry Potter e seus fiéis amigos ao longo da série. Os livros tornaram-se mais densos, com discussões cada vez mais maduras. A obra de J.K. foi crescendo com a gente. Surgem em Harry os conflitos da adolescência, a apaixonite, a descoberta do amor…

A outra hipótese tem a ver com o apelo exercido pelo cinema. Os filmes são mais rapidamente absorvidos pelo grande público. Ainda que parte dos filmes da saga seja recomendada para um público com mais idade (HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE tem censura 14 anos), as crianças, fortemente atraídas pela magia da série, recorrem às locadoras. Os meninos e meninas ainda não habituados à leitura de longos textos não encontram esse problema com os filmes; moças, rapazes, homens e mulheres, leitores ou não da saga, acompanham pela telona as aventuras de Harry. Por sua vez, os filmes levam essas crianças, jovens e adultos até os livros.

Acho que a miscelânea etária observada é produto da mistura dessas duas hipóteses com mais uma porção de outros tantos motivos. Vou chegando à conclusão de que a saga Harry Potter não foi pensada para agradar criança ou adulto. As envolventes aventuras contadas por J.K. são para todos aqueles que não abrem mão de histórias boas e verossímeis ( e é uma pena que parte dos adultos não costume romper as barreiras do preconceito e dar asas à imaginação). Não é literatura para crianças maduras ou adultos infantilizados. Tratam-se de livros mágicos que amadurecem com a gente.

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Coluna Inominável

Sobre Kloves e Goldenberg

Não importando o diretor (mesmo o irreverente Cuarón, responsável pelo filme que é quase unanimemente considerado o melhor), até agora Steve Kloves tem sido o responsável por botõezinhos de autodestruição em todos os filmes.

Os loops na história, remendos mal-feitos para os buracos deixados pela retirada de vários detalhes importantes – ele parece sempre escolher a mais mirabolante das explicações (Hermione jogando pedrinhas na cabana de Hagrid?) e simplesmente esquece de regras básicas como: criar uma linha que a história possa seguir.

Desde a Pedra Filosofal – sem foco, bagunçado -, passando pela Câmara Secreta – cheio de infindáveis diálogos explicando coisas simples -, pelo Prisioneiro de Azkaban – muito inverossímil para os padrões de Hogwarts e em relação ao livro -, e chegando num Cálice de Fogo relativamente melhor, mas que deixa muito no ar e traz a cena que ninguém entendeu: Dumbledore agressivamente sacudindo Harry?

A Ordem da Fênix me fez entrar no cinema de cabeça baixa – é de longe o livro mais enfadonho, cheio de enrolação, que transborda palavras inúteis (acredito que a própria autora fez uma declaração de que se excedera e não mais o faria – e não mais o fez). Já sabia da mudança de roteirista, mas, afinal, que diferença poderia fazer?

Muita. Goldenberg foi mestre em contornar as enrolações de Rowling, como a temporada de Harry na casa dos tios, a própria estada na sede da Ordem, e as intermináveis cenas com Umbridge. Resumidas as subtramas, só deixou a desejar quando não explicitou o responsável por Dementadores em Little Winging: quem não lera o livro, ou que, como eu, o fizera, mas há tempos, foi deixado pensando ser responsabilidade de Voldemort, quando foi da maléfica Umbridge. Perda não tão grande, aliás.

Fora alguns deslizes – como vassouras voando baixo e sem disfarce pelo meio de Londres -, o filme agradou. Em efeitos (a luta final entre Dumbledore e Voldemort), em atuações (destacando Imelda Statuon, Evanna Lynch, Emma Thompson e o brilhante Ralph Fiennes), em câmera (todo mundo correu junto com Harry e Duda, logo no início), em direção (todos os personagens pareciam mais maduros, e destacados em sua coadjuvância). E quanta inteligência ao tratar da atuação do trio!

Se restarem dúvidas quando à grandeza do filme, é bem mais pelo estilo “livro de transição” que a própria Rowling imprimiu em sua obra, e devemos agradecer ao trabalho de Goldenberg e Yates. Yates continua, porém, a volta de Kloves no Enigma dá medo.

O que eu quero dizer? Vou entrar no cinema próxima quarta esperando efeitos inebriantes e atuações bem posicionadas, numa história sem pé nem cabeça. Esperemos que eu esteja errada.

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Fatos Trouxas

Fato número 2: Horcruxes e outras porta-almas

No universo de Harry Potter, Horcruxes são artefatos onde se encerram fragmentos de alma, depositados ali propositalmente por seus originais donos. Entretanto, esse tipo de magia é a mais perigosa e obscura dentre todas das artes das trevas. Para que se possa fragmentar a alma e guarda-la em uma horcrux é necessário matar alguém.

Mas para que alguém cometeria a atrocidade de um assassinato para ter a salvo parte de sua alma, levando ainda em conta que fragmentar a alma é algo de pecaminoso, imperdoável e que só trará sofrimento

Imortalidade. É nisso que pensou Voldemort. Para ele, ter sua alma preservada fora de seu corpo significava certa imortalidade

E ele não foi o único a pensar desse jeito.

De fato, o habito de acreditar em objetos que preservam a alma está presente em
várias culturas ao redor do mundo.

A cultura mais antiga e mais conhecida que se tem bons registros dessas crenças são os egípcios. Para começar é necessário que se explique como era o conceito de alma para eles:

Os egípcios acreditavam que a alma estava dividida em cinco partes: Ka, Ba, Akh, Sheut e Ren. Dessas, Ka, Ba e Akh não poderiam sobreviver uma sem a outra. Portanto, se a condição para a existência de uma dessas partes não existisse mais, o corpo (chamado de Ha) morreria.

Ka significava a força vital do indivíduo, a disposição, era a diferença de uma pessoa estar viva ou morta. Era mantida através do alimento já que, para eles, o próprio alimento tinha uma “alma” que alimentava o Ka da pessoa, chamado Kau.

O Ba era tudo aquilo que fazia o indivíduo único. Sua personalidade. De outras formas também representava os deuses, pois quando algo extraordinário acontecia, era dito que o bau (plural de ba) estava agindo.

O Akh, ao longo das teorias egípcias, fora descrito de muitas formas. Entretanto, é tratado como o fantasma da alma de determinado corpo. Era a parte que se uniria aos deuses no plano da imortalidade.

Sheut era a sombra. Uma pessoa não poderia viver sem sombra e a sombra não poderia viver sem seu dono.

E finalmente Ren. Ren era o nome do indivíduo, algo muito importante, pois enquanto o nome era pronunciado ou lembrado, tal pessoa não morreria em definitivo. Assim, em tumbas egípcias de pessoas importantes é comum encontrar o Ren entalhado em
várias partes. Em contra partida, pessoas que mereciam o esquecimento tinham seu nome apagado de monumentos e onde quer que aparecesse.

Para preservar a alma e manter ela por perto do corpo, os egípcios guardavam objetos com formas e entalhes específicos que guiavam a alma a se depositar ali. Um dos faraós que fez isso de forma mais notável fora Hor I, que guardou em sua tumba uma estátua de madeira com 170 cm de altura, para que sua alma, quando saísse do corpo, se depositasse ali e ali esperasse para que pudesse ressuscitar. A estátua tinha seus olhos feitos de cristais e pedras que davam uma impressão viva e realista. Hoje ela se encontra no museu do Cairo.

HOR… CRUX

Do latim, Crux significa Cruz. É o símbolo máximo do cristianismo católico. Une em si, essencialmente três partes: Pai, filho e Espirito Santo. A trindade cristã.

Há quem diga que eram sete as Horcruxes de Voldemort.

Há quem diga que eram oito.

A alma egípcia era dividida em cinco. A divindade cristã em três.

Oito

E no fim, tudo é uma coisa só.

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Fatos Trouxas

Fato número 1: Héstia Jones e Dédalo Diggle

É de se notar o minucioso cuidado de J. K. Rowling tem em escrever sobre Harry Potter. Essencialmente os nomes, que em nenhuma circunstancia são escolhidos por acaso. É nesse intuito que venho postar a vocês: Mostrar, a título de curiosidade, os fatos reais por trás dos nomes usados nos personagens do livro. E você reparará junto comigo a coincidência (ou não) da semelhança entre fato e ficção fruto da mente brilhante de Rowling.

Um dos primeiros exemplos é sobre Héstia Jones e Dédalo Diggle. Eles aparecem mais marcantemente no capítulo 3 de Harry Potter e as Relíquias da Morte (as Relíquias daqui pra frente). Os dois são designados guardiões dos Dursley, eles que levarão o que restou da família de Harry em segurança para outro local.
Héstia, na mitologia grega, é filha de Cronos (um dos Titãs, filho do Céu e da Terra) com sua irmã Reia (também uma titã) que além de Héstia, gerou Deméter, Hades, Hera, Posídon e Zeus, segundo a Teogonia (Genealogia dos Deuses) de Hesíodo.

É a deusa grega dos laços familires. Numa rápida análise do aparecimento de Héstia Jones em as Relíquias, fica claro o valor que ela dá justamente a esses laços. Em determinado momento, sentindo o clima de despedida, ela tenta se retirar para que Harry e seus tios se despeçam. Entretanto, a estranha reação de Duda culmina no fato de que o Tio Valter não se importava aonde, no fim das contas, iria Harry. É nesse momento que Héstia se pronuncia:

“(…)
– Mas… certamente o senhor sabe aonde está indo o seu sobrinho, não?
(…)”

Os Dursley apenas responderam que ele iria embora com os da sua laia. Héstia sentiu-se ofendida pelo fato, não somente do insulto, mas pela falta de preocupação e o descaso dos Dursley para com Harry, sendo ele alvo de um vilão tão perigoso e letal como era Voldemort…

No fim, Harry apazigua a situação, e Duda revela um sentimento nunca antes
direcionado a Harry: Compaixão.

Laço familiar.

Efeito da presença de Héstia, não saberei dizer precisamente…

Outro elemento componente é Dédalo Diggle. No grego, Dédalo é um formidável
inventor. Ele construiu o labirinto que aprisionou o Minotauro, na ilha de Creta, a pedido do rei Minos. Entretanto, acabou preso lá dentro junto com seu filho Ícaro. Usando de seus dotes, construiu para os dois asas de penas e cera. Recomendou a Ícaro que não voasse muito perto do sol. Entretanto, vislumbrado com o vôo, Ícaro voou alto demais, o que derreteu suas asas e o fez cair no mar.

Dédalo Diggle faz justamente o papel da pessoa que ajuda na fuga. Demonstra ser
alguém preocupado com detalhes e planejamentos (assim parece, pois vive com um relógio no bolso que anuncia na hora o que deve ser feito…).

Não tenho como afirmar que foi nisso que J. K. Rowling pensou ao nomear tais
personagens em as Relíquias. O fato é que um gênio como o dela certamente buscará motivos mais profundos para inserir nomes, fatos e personagens em suas tramas. Mas que há alguma ligação, é quase inegável.

Até a próxima, prometo mais fatos sobre personagens de dentro e de fora de Harry Potter.

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Coluna Inominável

Hermione

Falha-me a memória quando busco a quantidade de vezes em que foi ela, um de seus livros, uma de suas anotações, uma de suas citações, de suas mágicas, infinitamente etecétera, que “salvou o dia” durante toda a saga Harry Potter. Eu não duvidaria se me dissessem que ela andou lendo livros de psicologia enquanto procurava uma saída para as horcruxes na última parte da obra. Eu tenho até um esquete na cabeça, onde a Hermione de treze anos, com seu vira-tempo, chega a Dumbledore pedindo a liberação da seção reservada para ela – “Porque eu já li todos os outros!”

Certo, não exageremos. Mas que a Hermione é a principal fonte de respostas da série, ela é. Muito mais que Dumbledore, aquele velho bizarro que orienta as perguntas e não as respostas. De fato, creio que foi a própria Rowling quem disse que “se você não sabe algo, ou pergunta a Dumbledore, ou a Hermione”. Mais que aprender e memorizar, Hermione raciocina, e o raciocínio e a sensibilidade a tornam quase inverossímil, indefectível, não fosse o culto ao intelectualismo nerd e o ceticismo exacerbados. E a cabeça quente.

Seria interessantíssimo refazer, à la Stephenie Meyer, toda a obra potteriana do ponto de visto de Granger. O mapa que ela tem de Harry e Rony deve ser, no mínimo, esclarecedor. Então se eu sentasse do lado de Joanne Kathleen Rowling, a segunda pergunta que eu faria (a primeira é uma confidencial sobre Draco) é: qual o potencial de Hermione?

(Enorme, eu sei. Aí eu melhoraria: em comparação com o potencial do Dumbledore jovem? Por que eu acho que é maior. Acho que Hermione raciocina mais que Dumbledore raciocinou. Sobre coisas certas, e erradas, e medos, e tudo isso. Mas não é bem disso que eu quero falar).

Primeira e segunda adaptações cinematográficas. Hermione fiel ao livro, em suas falas, atitudes e expressões, assim como o resto dos personagens e linhas de história. Terceira adaptação. Opa!

Não quero questionar capacidades, mas direcionamentos. Emma Watson é um rostinho bonito, e inicialmente parecia perfeita para o papel, então, o que, ela desaprendeu?

Não é romântico uma personagem principal tão extremamente rato de biblioteca como a Hermione. Não é cinematográfico.

Desde Cuarón houve um amadurecimento extra-feminino da personagem, e creio que nenhum fã realmente gostou disso. Suspiros, risadinhas, comentários estilo “menininha” e uma liberdade muito, muito grande na interpretação da personalidade.

Não me lembro de um comentário sobre a aparência de seus cabelos no terceiro livro, ou uma conversa animadinha com Harry sobre Krum no quarto e, epa, o vestido dela não era azul no baile de inverno?
Parecem detalhes, eu sei. E talvez eu esteja completamente errada, afinal, Emma Watson pode sentar com J.K.Rowling e perguntar-lhe sobre seu personagem, ela tem todo tipo de orientação em sua atuação.

Talvez eu esteja errada. Mas o comportamento da Hermione dos filmes me parece simplesmente a invenção de outra personagem.

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Coluna Inominável

Os Malfoy – Draco

Não é que eu ache que o Draco é uma pessoa ruim – muito, muito longe disso. Mas as circunstâncias pelas quais seu caráter foi formado não mudam as conseqüências dele, por mais que o justifique. O “bom Draco”, falemos a verdade, é uma pintura surreal. Por mais que eu tente – e como tento! – ilustrar essa faceta, o resultado final não muda. E como o resultado final já vos é conhecido, pulemos para a parte sobre a essência de Draco Malfoy e os motivos da minha fascinação.

Recapitulando um pouco das minhas impressões sobre Lúcio Malfoy; não sei se ele amava Draco ou Narcissa. Se amava, era um amor pequeno ao lado de seu ego, que lhe dizia que ele era um sangue-puro, portanto, melhor que qualquer outro. Como podia ele admitir que seu filho fosse inferior a uma sangue-ruim? E como podia Draco defender-se disso? Não é fácil superar alguém como Hermione Granger (ela não é humana.), nem como Harry Potter e, em aspectos mais subjetivos, como Ronald Weasley.

Vai além da tortura que eu posso imaginar ter alguém menosprezando todos os seus sucessos e evergonhando-se de todos os seus fracassos (tem até menininho ficando esquizofrênico por causa disso na Globo). Servir ao ego de alguém é praticamente impossível, insuportável. Servir ao de Lúcio, caótico.

Se servir ao Lord compensava, Lúcio o seguia. Se negá-lo compensava, Lúcio o negaria. Certo? Nem perto disso. Ao atrelar seu ego a Lord Voldemort, Malfoy entrou em um caminho mais que perigoso, afogando sua família diretamente em sua causa. Quanto sofria Draco, entre a podre decadência do pai, a submissão dolorosa da mãe? Quão difícil é ter seus valores, aqueles nos quais você foi criado, esmagados, um a um, pela sociedade?

Pessoas chegam a extremos. Draco tinha amarras ideológicas em si, com as quais se acostumara e das quais chegara a gostar. Era confortável! O ser humano luta por conforto; e para Draco ele era representado pelo longo hiato de Voldemort – quase toda a sua vida. Ele só queria de volta sua família do jeito confortável em que a conhecia, sem passar por outros valores, humores ou amores. Ele se levou, se empurrou, até onde pôde, até a linha tênue entre arrogância e maldade.

Ele não foi bom. Ele foi mesquinho, vil, trapaceou, ameaçou. Mas não foi mau. Foi, sim, compelido até seus limites – limites um tanto flexíveis e até inescrupulosos, admito -, mas não foi mau. Ele protegeu os seus, o seu, na luta egoísta que em um ponto ou outro todos travamos (CLARO que eu nunca tentei matar ninguém; tempos de guerra são tempos de guerra). Ele sofreu pela morte dos amigos. Ele abaixou a varinha.

Ele não passou da linha.

Uma palavra vem flutuando em minha mente já há algum tempo para descrevê-lo: struggle. Conflito, oscilação, luta. Esse é Draco Malfoy.

Mas, claro, isso é só uma das possíveis interpretações. O Draco que eu pinto é perfeitamente humano. Perfeitamente aceitável.

Na verdade, para mim, ele é admirável.

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Os Malfoy – Narcissa

A cena da Copa Mundial de Quadribol, em Harry Potter e o Cálice de Fogo, é definitivamente uma das cenas das quais mais senti falta na adaptação cinematográfica (claro, eu não vi o Enigma do Príncipe ainda; ê falta de otimismo…). Isso porque ela traz uma gama de elementos novos – o quadribol em si ganha uma tonalidade completamente diferente – e porque é um dos raros vislumbres que temos da relação familiar dos Malfoy.

Inicialmente a impressão que Narcissa passa é de uma concha (vazia ou, a julgar pela descrição de sua expressão, cheia de coisas muito ruins). De qualquer maneira, somos convidados ou a julgá-la – sabendo que é irmã da Lestrange e mulher de Lúcio Malfoy, oras, como não?; ou a estudá-la e esperar por mais informações.

Claro, eu fui pela primeira opção (sério? Você foi pela segunda?)

No início d’O Enigma do Príncipe, um pequeno alarme soa e nos faz esperar mais da personagem.

Quem é essa mulher? Se afinal ela é uma Malfoy desagradável, porque não abre mão do amor materno enlouquecido?

Lúcio Malfoy é um grande idiota. Há um tanto de medieval no casamento dos dois, um tanto de “não quebre as tradições”. Era importante manter o sangue puro; era importante manter-se na família (não é exatamente prazeroso ter uma bola de cinzas no lugar de seu rosto na árvore genealógica da família); era importante manter a família em evidência. Casamento por conveniência, relações inconvenientes.
Não parece haver uma grande relação de amor entre Narcissa e Lúcio, mas uma adoração extrema dela para com Draco – e de Draco para com ela, afinal, “Não ouse falar da minha mãe, Potter!” -, uma relação de amor profundo que acaba descrevendo toda a filosofia que J.K. Rowling teoriza por toda a série.

“O amor que salva”.

Eu gosto de Narcissa, assim como de Draco. Tenho uma tendência a gostar de personagens – e pessoas – fracos por seu amor.

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Os Malfoy – Lúcio

Sempre imaginei para os Malfoy uma espécie de Malfoylândia, onde tudo seria permitido, meio Woodstock wannabe. Simplesmente não me parecia lógico que Lúcio Malfoy realmente interagisse com a sociedade.

Ele iria ao ministério para galeões, ao Gringotes para tê-los em sua mão, à Travessa do Tranco para seus artefatos mágicos nada inocentes e, então, à Malfoylândia, para divertir-se com Narcissa.

“Pavões”.

Seus elfos compravam o básico e ele deitava em sua cama todos os dias sabendo que ali ele encontrava seu verdadeiro eu, rolando em riquezas, dentro de sua cúpula de diamante com pequenas pepitas de ouro incrustadas.

Talvez até alguns rubis, e grandes tapeçarias com fios dourados.

“Pavões”.

Talvez também o coração de Lúcio Malfoy fosse de ouro – não-figurativamente falando: frio, pesado e caro, tão caro que só Lord Voldemort se dispôs a comprá-lo, e ainda assim somente por saber que junto com ele viria aquela maravilhosa cúpula da qual poderia e necessitaria usufruir.

Depois, pareceu que a cúpula Malfoy estava em torno apenas do patriarca, ou que o ar começou a ficar rarefeito por lá. Afinal, Draco Malfoy queria sair.

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As Relíquias da Morte e Lia Wyler

Essa semana, ao pegar meu exemplar de Relíquias da Morte pela primeira vez (só havia lido a versão inglesa), deparei-me com algumas… peculiaridades na tradução (como Xenofílio, e um eventual “pô” saído da boca de Harry Potter!). Traduzir não é um trabalho simples, ou fácil, e por vezes lendo o livro me peguei perguntando se a Wyler tinha travado em determinados trechos.

É bem verdade que desde o início da série, a tradução de Lia Wyler foi, no mínimo, discutida. A principal confusão se deu, certamente, ao anúncio oficial do título de Harry Potter and the Half-Blood Prince em português: o Enigma do Príncipe. Perceptível a revolta dos fãs com tal mudança de sentido, atrevimento da tradutora, competências postas em jus e, quando o livro é lançado, explicações.

Rowling não é uma pessoa tão simples a ponto de nomear um dos livros com a “solução do mistério”. O que ela queria que tirássemos de Half-Blood Prince, ao terminarmos de ler o livro, não era simplesmente alguém que se orgulhava de ser mestiço, ou que se chamava o príncipe dos mestiços. A percepção ia além, muito ao contrário da primeira impressão: o dono do livro tinha orgulho porque metade do seu sangue (figurativamente falando) era Prince, sobrenome de sua mãe bruxa. O orgulho vinha não da mistura, mas da sua linhagem pura.

E ao ler a versão portuguesa da estória, tenho que cumprimentar Wyler por não nos ter saído com um “Cruel” ao invés de Sinistro, ou “Caldeirão Escoador”, à guisa do nosso bom e velho Caldeirão Furado. Nunca tive eu motivos para reclamar dela, principalmente depois de saber pessoalmente o que se passa ao traduzir expressões inglesas intraduzíveis (vide a “ingenuidade piscante”, na tradução da review de Babbitty Rabbitty e o Toco que Cacarejava, um dos contos de Beedle, o bardo).

Porém, nesse último livro, encarando Xenofílio, comecei a me perguntar. Não seria errado traduzir nomes? Porque Xenófilo me parece perfeitamente cabível, e com uma ambigüidade ainda maior que Xenofílio. Ainda assim, Xenofílio it is. É complicado entender como os tradutores decidem a vertente a seguir. A fina linha que define os significados, e que no fim, acho eu, acabam dependendo da sorte.

E o Harry falando “pô”, foi no mínimo hilário.