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[COLUNA] O lapso homofóbico de Rowling

A vida e a história de Alvo Dumbledore foram, durante muito tempo, um mistério ainda mais profundo para os fãs da saga. O próprio Harry Potter não teve contato pessoal suficiente com o diretor (em vida) para conhecer dele as histórias da juventude, dramas de família, sonhos, frustrações. As perguntas pessoais dirigidas a Alvo sempre retornavam com respostas pouco prováveis (quem não lembra das meias grossas com que Dumby sonhava no espelho de Ojesed?). Quando finalmente temos contato com a história pessoal desse grande bruxo, enxergamos nele traços de fragilidade humana, outrora tão distantes de sua figura forte e protetora. E é a humanidade de Dumby que está em pauta na coluna de hoje. Discutiremos mais profundamente a maneira como a Rowling trata sua sexualidade.

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[COLUNA] Crepúsculo X Harry Potter X O Senhor dos Anéis II

Prosseguindo com o tema da coluna anterior, falaremos hoje de uma outra rivalidade muito comum em nosso fandom: a conhecida comparação entre Harry Potter e Crepúsculo. Os textos, as personagens, os filmes, tudo entra nessa rixa. Muitos fãs vão além e confrontam aspectos pessoais da vida das autoras de ambas as sagas para decidir quem é a mais esperta ou não. E eu, que sou fã de uma boa polêmica, resolvi meter o bedelho nessa briga. É lógico que não vou sair comparando quem escreveu mais livros, quem é a mais rica das duas autoras, a mais bonita ou coisas do tipo. A web já está cheia desses “duelos” bobos e não queremos mais do mesmo. Vamos apenas discutir uma coisa que tem se dito muito ultimamente: que Crepúsculo é melhor que Harry Potter e que os livros da Joanne já são coisa do passado.

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Cinema Três Vassouras

Um Sherlock Holmes de muitos músculos

Título Original: Sherlock Holmes
Ano de Lançamento: 2010
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Robert Downey Jr, Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong, Kelly Reilly.

Há alguns anos contraí o vício de ler e reler as histórias sobre o ilustre “investigador conselheiro” Sherlock Holmes e seu fiel companheiro Dr. Watson. Até passei por uma fase curta onde tentei pôr em prática as teorias da Ciência da Dedução de nosso caro detetive. Nem é necessário dizer que não obtive sucesso, não é verdade? Não tenho um quinto da sagacidade da mente de Holmes e nem chego perto de seu vastíssimo conhecimento de cultura e ciência em geral. Nos últimos dias, fui surpreendida com o trailer de “Sherlock Holmes” e confesso que esse primeiro contato não me causou boa impressão.

O Holmes que conhecemos é magrelo, tem aquele nariz adunco e o velho jeitão britânico. A personagem criada por Sir Arthur Conan Doyle não tem a sensualidade do Robert Downey Jr. É claro que eu estava carente de mais uma adaptação para o cinema, mas não estava disposta a encarar o clima exagerado de ação que o trailer prometia. Parecia fugir muito do que estamos acostumados a ver nos diários de Watson. Fui ao cinema com um pé atrás e me surpreendi. A modernizada que conferiram às personagens não pesou tanto e a coisa toda funcionou harmoniosamente.

Mais uma vez cheguei à conclusão de que não podemos ficar tão presos aos textos. Se a adaptação mantém a atmosfera e características gerais do texto, por que não inovar? O Holmes ficou bem com os músculos e piadas rápidas. Além disso, o filme mantém o detetive dependente de seus casos e mostra de maneira bem-humorada as crises que esse tem nos intervalos entre uma investigação e outra. É claro que cortaram a parte da cocaína (não seria bom comercialmente falando), que foi substituída por garrafas e mais garrafas de bebida.

Os métodos investigativos de Holmes foram bem retratados. O filme conseguiu levar para o cinema a engenhosidade da mente sherlockiana, com toda sua rapidez em processar os dados, acessar um rico acervo mental e devolver tudo em ações bem planejadas. Ah, o apreço do detetive pela música também não ficou de fora.

Quanto ao Dr. Watson, interpretado por Jude Law, também não tenho do que reclamar. O filme mostra sua tremenda admiração pelo amigo detetive, assim como nos textos do Cânone sherlockiano. Também no filme a admiração por Holmes, seus casos e métodos são o combustível que arrasta o médico para as aventuras. E a mãozinha que o Dr. Watson dá para o Holmes nos momentos depressivos também foi parar nas telonas.

Em suma, é o Sherlock Holmes que gerações e gerações de leitores tanto amam, mas com uma repaginada. Baseado na História em quadrinhos da autoria de Lionel Wigram, “Sherlock Holmes”, dirigido por Guy Ritchie, traz um Holmes mais físico e brigão, mas nem por isso com menos massa cefálica. Que venha a seqüência!

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[COLUNA] Crepúsculo X Harry Potter X O Senhor dos Anéis

Depois da estréia de “O Senhor dos Anéis” nos cinemas, engrossou o coro de acusações de que Joanne Rowling teria plagiado os textos de Tolkien quando criou o mundo mágico de Harry Potter. Mais recentemente, circula por aí a fofoca de que os livros da série Crepúsculo são superiores aos da saga do bruxinho. Alguns até dizem que depois do sucesso dos livros de Stephenie Meyer, Harry virou coisa do passado. Hoje falaremos um pouco sobre a sina da saga Harry Potter: os fantasmas que aparentam ameaçar o reinado de nossa série favorita.

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[COLUNA] O Novo livro da J.K.

Já foi chamado de “O Livro Escocês”, de “Enciclopédia do Mundo Mágico de Harry Potter” e até de “Hogwarts, Uma História”. O misterioso e tão aguardado novo livro de Joanne Rowling está envolto numa atmosfera de rumores e incertezas. Enquanto pessoas supostamente próximas à autora deixam pistas de que ela está tocando o projeto do novo livro, os fãs de Harry Potter esperam sedentos por informações mais concretas. Nos últimos dias, recebemos mais um sinal de que o livro é uma realidade.

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[COLUNA] Hermione, Bella Swan e o machismo

Machismo não é um tema novo, embora seja atual. Recentemente, uma série voltada para o público jovem feminino reeditou o velho roteiro dos contos de fada que exploram a fragilidade feminina. Estamos falando de Crepúsculo, é claro. A série conta a história de amor entre uma garota tímida e um vampiro super-poderoso. Ao criar a personagem Bella, Stephenie Meyer deixou psicólogos em alerta sobre a influência dos ícones da literatura na formação da personalidade juvenil. Do outro lado, temos a bruxa Hermione, personagem da saga Harry Potter, da autoria de J. K. Rowling. Embora não seja protagonista, ela tem papel de destaque no desenrolar da trama. Pensei em confrontar rapidamente as duas personagens e verificar como as autoras desses dois grandes sucessos editoriais tratam suas principais figuras femininas.

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[COLUNA] O 6° Filme e o amor em Harry Potter

Mal o filme surge na telona e já nos deparamos com um Harry de hormônios à flor da pele. As abundantes cenas de amor deixaram HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE com cara de comédia romântica. De um lado, parte dos fãs aplaude o clima de paixão do novo longa, enquanto a outra fração de fãs do bruxinho mostra-se descontente com o rumo que a adaptação tomou.

HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX (até agora, o melhor filme da saga, em minha opinião), também dirigido pelo cineasta inglês David Yates, trazia, assim como o livro de J. K. Rowling, as atenções voltadas para a vida política no mundo mágico, mostrando os abusos cometidos em nome do poder, a intervenção do ministério da magia em Hogwarts via decretos e o papel nefasto da imprensa na defesa dos mais socialmente privilegiados.  Em seu segundo filme para a saga, Yates deixa de lado a política e mergulha no universo das relações amorosas entre os personagens. É claro que o clima de romance está presente no sexto livro de J.K. Sendo assim, era de se esperar que fôssemos encontrar romance na adaptação para o cinema, mas a questão é: as relações amorosas assumem mesmo uma proporção tão gigantesca na obra de Rowling?

Acredito que não. Apesar do sexto livro ser o auge da descoberta sexual entre os personagens, o foco continua a não ser esse. Harry não está caçando passatempos amorosos. Ele simplesmente descobre-se apaixonado, e é isso que desperta nele o desejo de estar com a pessoa amada. Como o eixo do filme gira alucinadamente em torno de paqueras e bem-querenças, fica difícil abordar outras tantas importantes questões, como o sofrimento de Harry pela morte de Sirius e o próprio funeral de Dumbledore. Também fica de fora boa parte das elucidativas lembranças colhidas por Dumbledore acerca da origem de Voldemort, o que eu acho que prejudicará os próximos dois filmes no que diz respeito à identificação das Horcruxes.

Mesmo com os excessos, a própria questão amorosa não foi bem retratada. Pareceu-me que o Harry da telona estava ansiando demais por dar uns beijinhos. Ele não estava rejeitando nem a afobadinha da Romilda Vane, imagine. Ao invés de injetar cenas de paquera inexistentes na obra, como aquela da atendente da lanchonete, talvez devessem ter mostrado o empenho de Harry em descobrir o que Malfoy estava tramando, por exemplo. Apesar das discussões levantadas, HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE é realmente um filme divertido de se ver. Fugindo um pouco aos anteriores, explora bastante o humor, o que garante umas boas risadas.

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[COLUNA] Harry Potter X Religião

Segundo Jehozadak Pereira, do site Aleluia, “a temática de Harry Potter é profundamente mística e inteiramente comprometida com bruxaria, feitiçaria e esoterismo, e é apresentada como literatura mimetizada em contos pueris, quando na realidade é perversa e advinda do inferno.” Em toda a série Harry Potter, Joanne Rowling não faz referências diretas a credos ou organizações religiosas.  Contudo, inúmeros grupos cristãos acusam a autora de pregar o paganismo. Diante disso, fica a pergunta: qual a real relação entre a religião e o mundo mágico de Harry Potter?

Sinceramente, não recordo de ter dado de cara com o substantivo “Deus” em trecho algum dos sete livros da saga potteriana. Harry, Voldemort ou mesmo a Sra. Weasley nunca foram vistos rezando, temendo ou adorando um ou mais deuses. Na verdade, nenhum dos personagens criados por Rowling jamais participou verdadeiramente de um ritual religioso ou declarou ser partidário de qualquer religião. E apesar da aparente ligação, a saga Harry Potter não prega o culto à Antiga Religião. Segundo o site Bruxaria.net, “achar que o que está escrito ali é Bruxaria de verdade é abusar demais da boa vontade dos pagãos.”

Embora essa ligação direta inexista, o mundo mágico de Harry Potter está repleto de traços culturais advindos da fé religiosa, como os festejos de natal e páscoa, por exemplo. Encontraremos também inúmeras referências a crenças da Idade Média e a mitologia em geral – principalmente a grega -, característica que enriquece e dá consistência à obra de Joanne (sem isso, o mundo de Harry Potter não seria tão plausível). E embora não trilhe pelo caminho de nenhuma religião, a saga não nega a vida após a morte. A autora deixa pistas de que as pessoas prosseguem para uma nova etapa depois de mortas, apesar de não esmiuçar os segredos da morte (a conversa entre Nick e Harry no quinto livro, pág. 694, deixa isso bem claro).

Ao encarar as bases mitológicas de Harry Potter, alguns líderes protestantes e católicos pensam estar descobrindo as raízes demoníacas da obra de Rowling, mas não poderiam estar mais equivocados: a moral dos livros não fere aos mais importantes preceitos cristãos. A saga nos ensina o respeito ao próximo, a amizade e a lealdade, não é verdade? Apimentando essa discussão, o ator Daniel Radcliffe, intérprete de Harry Potter nas adaptações para o cinema, disse não acreditar em Deus, “mas na evolução”. Do lado católico, o sacerdote italiano Francesco Bamonte e o padre austríaco Gerhard Maria Wagner dispararam que Harry Potter induz ao satanismo. Mais recentemente, o Vaticano elogiou o filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe, ressaltando que o longa esclarece que o bem deve prevalecer sobre o mal.

Para concluir, vale lembrar que Dumbledore sempre disse que Harry tinha um trunfo em relação a Voldemort. Durante toda a série, Rowling enfatiza uma coisa que está acima de todas as religiões: o amor. Esse sentimento supera dogmas e rituais, sejam eles quais forem. É o amor que conduz Harry Potter à luta contra Voldemort e é o amor quem o faz triunfar. Eu só não entendo como isso poderia soar demoníaco…

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[COLUNA] Harry Potter: para crianças maduras ou adultos infantilizados?

Eu e meu sobrinho (14 anos) combinamos de ir juntos para a estréia de HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE. Minha irmã caçula, com todos os seus dezoito anos de vida, não podia ficar de fora: apressou-se logo em dizer que nos acompanharia. Por fim, Mamãe, com suas dignas 43 primaveras, engrossou nossa caravana. Duas amigas da faculdade também manifestaram interesse, mas esbarraram na limitação dos ingressos (estavam esgotados). Ah, e por mais que ele protestasse, não poderíamos levar o pobre do meu priminho de nove anos, pois a censura não permitiria.

Com este cenário, andei matutando sobre a pluralidade de pessoas que curte a série de J. K. Rowling. Não é mesmo curioso que eu e minhas colegas de faculdade tenham a mesma paixão que meu sobrinho de 14? Um dos pontos interessantes a analisar entre os leitores do jovem bruxo é a diversidade etária. É claro que a maioria dos leitores é jovem, mas mesmo dentro da categoria “juventude” encontramos fases diversas. Definitivamente, a saga Harry Potter agrada um público enorme e variado. Para explicar tal abrangência, levantei duas hipóteses.

A primeira hipótese é também a mais óbvia: quando tornaram-se fãs do então pequenino Harry Potter, as pessoas eram quase ou tão pequeninas quanto o bruxinho (esse foi o meu caso). Como a série exerce grande fascínio e um incomum apego, os leitorezinhos ficaram adultos e não largaram mais o mundo mágico de J.K. O que reforça essa tese é o incontestável amadurecimento de Harry Potter e seus fiéis amigos ao longo da série. Os livros tornaram-se mais densos, com discussões cada vez mais maduras. A obra de J.K. foi crescendo com a gente. Surgem em Harry os conflitos da adolescência, a apaixonite, a descoberta do amor…

A outra hipótese tem a ver com o apelo exercido pelo cinema. Os filmes são mais rapidamente absorvidos pelo grande público. Ainda que parte dos filmes da saga seja recomendada para um público com mais idade (HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE tem censura 14 anos), as crianças, fortemente atraídas pela magia da série, recorrem às locadoras. Os meninos e meninas ainda não habituados à leitura de longos textos não encontram esse problema com os filmes; moças, rapazes, homens e mulheres, leitores ou não da saga, acompanham pela telona as aventuras de Harry. Por sua vez, os filmes levam essas crianças, jovens e adultos até os livros.

Acho que a miscelânea etária observada é produto da mistura dessas duas hipóteses com mais uma porção de outros tantos motivos. Vou chegando à conclusão de que a saga Harry Potter não foi pensada para agradar criança ou adulto. As envolventes aventuras contadas por J.K. são para todos aqueles que não abrem mão de histórias boas e verossímeis ( e é uma pena que parte dos adultos não costume romper as barreiras do preconceito e dar asas à imaginação). Não é literatura para crianças maduras ou adultos infantilizados. Tratam-se de livros mágicos que amadurecem com a gente.