Não é que eu ache que o Draco é uma pessoa ruim – muito, muito longe disso. Mas as circunstâncias pelas quais seu caráter foi formado não mudam as conseqüências dele, por mais que o justifique. O “bom Draco”, falemos a verdade, é uma pintura surreal. Por mais que eu tente – e como tento! – ilustrar essa faceta, o resultado final não muda. E como o resultado final já vos é conhecido, pulemos para a parte sobre a essência de Draco Malfoy e os motivos da minha fascinação.
Recapitulando um pouco das minhas impressões sobre Lúcio Malfoy; não sei se ele amava Draco ou Narcissa. Se amava, era um amor pequeno ao lado de seu ego, que lhe dizia que ele era um sangue-puro, portanto, melhor que qualquer outro. Como podia ele admitir que seu filho fosse inferior a uma sangue-ruim? E como podia Draco defender-se disso? Não é fácil superar alguém como Hermione Granger (ela não é humana.), nem como Harry Potter e, em aspectos mais subjetivos, como Ronald Weasley.
Vai além da tortura que eu posso imaginar ter alguém menosprezando todos os seus sucessos e evergonhando-se de todos os seus fracassos (tem até menininho ficando esquizofrênico por causa disso na Globo). Servir ao ego de alguém é praticamente impossível, insuportável. Servir ao de Lúcio, caótico.
Se servir ao Lord compensava, Lúcio o seguia. Se negá-lo compensava, Lúcio o negaria. Certo? Nem perto disso. Ao atrelar seu ego a Lord Voldemort, Malfoy entrou em um caminho mais que perigoso, afogando sua família diretamente em sua causa. Quanto sofria Draco, entre a podre decadência do pai, a submissão dolorosa da mãe? Quão difícil é ter seus valores, aqueles nos quais você foi criado, esmagados, um a um, pela sociedade?
Pessoas chegam a extremos. Draco tinha amarras ideológicas em si, com as quais se acostumara e das quais chegara a gostar. Era confortável! O ser humano luta por conforto; e para Draco ele era representado pelo longo hiato de Voldemort – quase toda a sua vida. Ele só queria de volta sua família do jeito confortável em que a conhecia, sem passar por outros valores, humores ou amores. Ele se levou, se empurrou, até onde pôde, até a linha tênue entre arrogância e maldade.
Ele não foi bom. Ele foi mesquinho, vil, trapaceou, ameaçou. Mas não foi mau. Foi, sim, compelido até seus limites – limites um tanto flexíveis e até inescrupulosos, admito -, mas não foi mau. Ele protegeu os seus, o seu, na luta egoísta que em um ponto ou outro todos travamos (CLARO que eu nunca tentei matar ninguém; tempos de guerra são tempos de guerra). Ele sofreu pela morte dos amigos. Ele abaixou a varinha.
Ele não passou da linha.
Uma palavra vem flutuando em minha mente já há algum tempo para descrevê-lo: struggle. Conflito, oscilação, luta. Esse é Draco Malfoy.
Mas, claro, isso é só uma das possíveis interpretações. O Draco que eu pinto é perfeitamente humano. Perfeitamente aceitável.
Na verdade, para mim, ele é admirável.