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O Vira-Tempo

O retorno de Harry Potter

Meses antes de sua publicação oficial em 8 de julho, a quarta novela de J. K. Rowling sobre Harry Potter já se tornou o maior fenômeno de venda da História. Nunca houve tamanha publicação de uma primeira edição (3,8 milhões só nos Estados Unidos) e nunca houve tantas reservas (282.650 pré-vendas na Amazon.com).

Feito igualmente incrível foi o encobrimento do conteúdo do livro mais desejado do momento. No entanto, o título (Harry Potter e o Cálice de Fogo) vazou há uma semana, e a própria J. K., que quer que tudo seja surpresa para seus leitores, deixou escapar algum tempo atrás algo que já estava sendo especulado entre os fãs: alguém vai morrer na história.

Mais um marco impressionando foi a ultrapassagem de 30 milhões de cópias vendidas dos livros em todo o mundo (a série foi traduzida para pelo menos trinta e cinco línguas) sem a ajuda de bugigangas adicionais. Canetas, sacos de dormir, brinquedos e coisas do gênero têm os direitos de fabricação pertencentes a Warner Bros., e esse merchandising só deve começar após o lançamento do filme Harry Potter e a Pedra Filosofal, que ainda está de pé, porém ainda sem elenco principal (nem o protagonista foi achado ainda) e diretor.

Porém o fato mais impressionante sem dúvida se relaciona a quem está por trás disso tudo. Sete anos atrás, Joanne Kathleen Rowling era uma mãe-solteira desempregada que escrevia em cafés de Edimburgo enquanto sua filha dormia. Hoje, com seus três livros entre os mais vendidos do mundo, Rowling figura em 25º lugar na lista das celebridades mais poderosas da revista Forbes e recebeu uma O.B.E. diretamente da Rainha mês passado. A Newsweek fez uma entrevista com ela:

Você pega idéias dos seus leitores?
Não. Meus leitores são muitos generosos; me mandam cartas dando sugestões de palavras para eu usar, mas eu respondo, “Não, não. Não posso usar porque foi idéia sua!”.

Você responde de fato à sua correspondência?
Sim. Tenho ajuda agora, mas respondo algumas que seleciono por um sistema de filtragem. Por exemplo, há jovens escrevendo para o Professor Dumbledore pedindo para serem aceitos em Hogwarts. Essas eu mesma respondo.

Você não tem feitos extravagâncias. Onde estão os cinco carros e o helicóptero?
(Risos) Bem, não sei dirigir, então carros não seriam de grande ajuda. Sobre o helicóptero… não quero que ninguém pense que sou puritana. Acredito que as únicas pessoas que possam apreciar o valor do dinheiro são aquelas que já estiveram muito, muito duras. Eu sou grata todos os dias por não precisar me preocupar com dinheiro.

E você consegue caminhar sossegada pelo shopping?
Ah, sim. Agradeço por não ser tão reconhecível, mas quando as pessoas vêm até mim, é para dizer o quanto gostam dos livros e me dizerem coisas boas. Teve uma fase em que jornalistas ficavam plantados na frente da minha casa. Ninguém gosta disso, mas eu não reclamo, pois alcancei e ultrapassei a ambição da minha vida.

Você se preocupa com o crescimento do Harry nos livros?
Eu quero que ele cresça; quero que todos cresçam. Mas não quero explorar coisas que ficariam destoadas dos livros, como uso de drogas ou uma Hermione grávida. Em Harry Potter, não há um espaço apropriado para esses assuntos. No entanto, no quarto livro, há uma maior evidência de que eles estão crescendo, pois há uma maior exploração das relações entre sexos opostos.

Este quarto livro será o maior de todos?
Não, acredito que o sétimo será uma verdadeira Enciclopédia Britânica, pois eu vou querer me despedir. Sei que esse também é grande, mas não me arrependo, pois foi com essa quantidade de palavras que eu consegui contar a história. O interessante é que esse e o da Câmara Secreta, que foram os que mais me deram trabalho, são os que eu mais gosto.

Você sentiu pressão de pais ou moralistas em parar de escrever Harry Potter?
Não, de modo algum. Sei que Harry Potter tem questões morais, mas eu tenho uma visão boa em relação a isso e não me sinto pressionada.

/Accio Quote, Newsweek, 10 de julho de 2000