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Destaque Harry Potter e o Enigma do Príncipe Potter Heaven

[Série] EdP: Livro x Filme – Memórias dando lugar a romances

Juntamos nossos editores de conteúdo e colunistas para criar uma pequena série comparando Harry Potter e o Enigma do Príncipe, livro x filme.

No sexto livro, a penseira de Dumbledore se torna quase uma personagem da história, responsável pelo display dos momentos da vida de Tom Riddle e das pessoas que ele afetou.

A família Servolo e a família Riddle, o orfanato, Hogwarts, suas casas e professores, Borgin&Burkes, Hepzibah Smith e as horcruxes todas; por entre a construção do personagem de Voldemort, desde o pequeno menino Tom, nós vemos o crescimento do menino Harry, atirado em circunstâncias muito além do que ele desejaria entender.

Quando, em A Câmara Secreta, Harry começa a se perguntar sobre suas semelhanças com Tom Riddle, e Dumbledore responde o menino de doze anos com a enigmática máxima “o que te faz diferente são suas escolhas”, existe uma hesitação, tanto vinda de Harry, quanto de nós, leitores.

A palavra de Dumbledore deve ser acreditada mais que profundamente entendida, naquele momento. É em Enigma do Príncipe que, ao fragmentar a vida do vilão em memórias sobre suas ações e escolhas, fica quase tudo esclarecido, está quase tudo estabelecido (até que Relíquias venha bagunçar toda nossa crença, é claro).

Rowling foi cruel com Harry ao projetar sua puberdade. Não sobre tempo para muita vida social adolescente em sua trajetória de “eleito”; seus momentos com Gina são escassos (se bem que nem tem escassos quanto no filme…); o cenário não é o romance nem tampouco os conflitos adolescentes. Estamos imersos em toda essa grande massa escura que é a vida de Voldemort e os grandes deveres que esperam por Harry, quando vez por outra emergimos para respirar, assistir um pouco de quadribol, aulas interessantes e alguém se agarrando aqui e acolá.

No filme, não sobra espaço para a penseira.

Sabe a sensação de guerra iminente que permeia todo o livro (acentuada, claro, pela Batalha de Hogwarts no final)? Pois é, ela não está no filme.

O que vemos é um ensino médio, em que a ficha de “hey, Voldemort voltou!”, só cai completamente com certas cenas adicionais que se passam na toca… – e isso NÃO tira nem um pouco a qualidade do filme; ao contrário, torna-o um pouco mais verossímil cinematograficamente falando, mesmo sem muita fidelidade ao livro.

E então, nossas memórias de Riddle resumem-se à deliciosa, muito fiel ao livro, cena de Tom Riddle criança, a cena em que Hero Tiffin-Fiennes consegue mostrar com destreza o Voldemort que guarda dentro de si; e as cenas também maravilhosas em presença de Jim Broadbent, o professor Slughorn, e o charme conquistador e manipulador de Voldie adolescente.

E todas as outras… fizeram falta ao filme? A resposta imediata seria não.

Não, se você enxergar apenas o sexto filme. O ambiente foi criado, o que tinha de ser introduzido, essencialmente, o foi, sim.

É óbvio que eu gostaria de ter visto todos os detalhes na telona, mas me dou por satisfeita com o fato de que as cenas incluídas foram muito bem desenhadas, produzidas, encenadas e dirigidas, e bastante explicativas até o ponto em que a história anda. Agora, se os cortes farão diferença em Relíquias da Morte, bem… outra história.

Por Aretha

é colunista e tradutora da PH e indecisa em vários aspectos da própria vida.