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As Relíquias da Morte e Lia Wyler

Essa semana, ao pegar meu exemplar de Relíquias da Morte pela primeira vez (só havia lido a versão inglesa), deparei-me com algumas… peculiaridades na tradução (como Xenofílio, e um eventual “pô” saído da boca de Harry Potter!). Traduzir não é um trabalho simples, ou fácil, e por vezes lendo o livro me peguei perguntando se a Wyler tinha travado em determinados trechos.

É bem verdade que desde o início da série, a tradução de Lia Wyler foi, no mínimo, discutida. A principal confusão se deu, certamente, ao anúncio oficial do título de Harry Potter and the Half-Blood Prince em português: o Enigma do Príncipe. Perceptível a revolta dos fãs com tal mudança de sentido, atrevimento da tradutora, competências postas em jus e, quando o livro é lançado, explicações.

Rowling não é uma pessoa tão simples a ponto de nomear um dos livros com a “solução do mistério”. O que ela queria que tirássemos de Half-Blood Prince, ao terminarmos de ler o livro, não era simplesmente alguém que se orgulhava de ser mestiço, ou que se chamava o príncipe dos mestiços. A percepção ia além, muito ao contrário da primeira impressão: o dono do livro tinha orgulho porque metade do seu sangue (figurativamente falando) era Prince, sobrenome de sua mãe bruxa. O orgulho vinha não da mistura, mas da sua linhagem pura.

E ao ler a versão portuguesa da estória, tenho que cumprimentar Wyler por não nos ter saído com um “Cruel” ao invés de Sinistro, ou “Caldeirão Escoador”, à guisa do nosso bom e velho Caldeirão Furado. Nunca tive eu motivos para reclamar dela, principalmente depois de saber pessoalmente o que se passa ao traduzir expressões inglesas intraduzíveis (vide a “ingenuidade piscante”, na tradução da review de Babbitty Rabbitty e o Toco que Cacarejava, um dos contos de Beedle, o bardo).

Porém, nesse último livro, encarando Xenofílio, comecei a me perguntar. Não seria errado traduzir nomes? Porque Xenófilo me parece perfeitamente cabível, e com uma ambigüidade ainda maior que Xenofílio. Ainda assim, Xenofílio it is. É complicado entender como os tradutores decidem a vertente a seguir. A fina linha que define os significados, e que no fim, acho eu, acabam dependendo da sorte.

E o Harry falando “pô”, foi no mínimo hilário.

Por Aretha

é colunista e tradutora da PH e indecisa em vários aspectos da própria vida.

Uma resposta em “As Relíquias da Morte e Lia Wyler”

Ela começou a traduzir algumas coisas no início da série porque primeiramente a série era destinada a crianças, então seria bom que tudo viesse traduzido, como nomes (das pessoas, das casas). Mas com o decorrer da história, claramente ela se mostrou tudo, menos infantil (pelo menos a meu ver, essa guerra HP vs Voldermort não foi nada infantil, além de mortes brutais e tal) a partir daí ela viu que seria viável manter os nomes originais, o que eu preferia desde o começo, seria muito melhor se fosse Albus Dumbledore desde o começo.

Certamente ela fez certo em traduzir nomes que significam frases, como caldeirão furado e etc, mas nomes não deveriam ser traduzidos, ela é meio louca, se ela tivesse encontrado alguma tradução para Aberforth, acho que ela teria colocado.

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