Não importando o diretor (mesmo o irreverente Cuarón, responsável pelo filme que é quase unanimemente considerado o melhor), até agora Steve Kloves tem sido o responsável por botõezinhos de autodestruição em todos os filmes.
Os loops na história, remendos mal-feitos para os buracos deixados pela retirada de vários detalhes importantes – ele parece sempre escolher a mais mirabolante das explicações (Hermione jogando pedrinhas na cabana de Hagrid?) e simplesmente esquece de regras básicas como: criar uma linha que a história possa seguir.
Desde a Pedra Filosofal – sem foco, bagunçado -, passando pela Câmara Secreta – cheio de infindáveis diálogos explicando coisas simples -, pelo Prisioneiro de Azkaban – muito inverossímil para os padrões de Hogwarts e em relação ao livro -, e chegando num Cálice de Fogo relativamente melhor, mas que deixa muito no ar e traz a cena que ninguém entendeu: Dumbledore agressivamente sacudindo Harry?
A Ordem da Fênix me fez entrar no cinema de cabeça baixa – é de longe o livro mais enfadonho, cheio de enrolação, que transborda palavras inúteis (acredito que a própria autora fez uma declaração de que se excedera e não mais o faria – e não mais o fez). Já sabia da mudança de roteirista, mas, afinal, que diferença poderia fazer?
Muita. Goldenberg foi mestre em contornar as enrolações de Rowling, como a temporada de Harry na casa dos tios, a própria estada na sede da Ordem, e as intermináveis cenas com Umbridge. Resumidas as subtramas, só deixou a desejar quando não explicitou o responsável por Dementadores em Little Winging: quem não lera o livro, ou que, como eu, o fizera, mas há tempos, foi deixado pensando ser responsabilidade de Voldemort, quando foi da maléfica Umbridge. Perda não tão grande, aliás.
Fora alguns deslizes – como vassouras voando baixo e sem disfarce pelo meio de Londres -, o filme agradou. Em efeitos (a luta final entre Dumbledore e Voldemort), em atuações (destacando Imelda Statuon, Evanna Lynch, Emma Thompson e o brilhante Ralph Fiennes), em câmera (todo mundo correu junto com Harry e Duda, logo no início), em direção (todos os personagens pareciam mais maduros, e destacados em sua coadjuvância). E quanta inteligência ao tratar da atuação do trio!
Se restarem dúvidas quando à grandeza do filme, é bem mais pelo estilo “livro de transição” que a própria Rowling imprimiu em sua obra, e devemos agradecer ao trabalho de Goldenberg e Yates. Yates continua, porém, a volta de Kloves no Enigma dá medo.
O que eu quero dizer? Vou entrar no cinema próxima quarta esperando efeitos inebriantes e atuações bem posicionadas, numa história sem pé nem cabeça. Esperemos que eu esteja errada.
2 respostas em “Sobre Kloves e Goldenberg”
Levando em conta o que ele tem feito nos outros, e levando em conta os vários minutos vazados, eu não espero muita coisa além de tapa buraco com efeitos 'legais'
Penso no Enigma nao como transição, mas como anti-climax. Em escala com o resto dos livros, já que, quando se escreve, geralmente o penultimo capítulo é o anti-climax…
E um filme inteiro de anti-climax deve ser trabalhoso de ser escrito…
Realemente Goldenberg soube enxugar OdF muito bem na hora de transforma-lo em filme. A Rowling encheu muita lingüiça nessa parte da história.
E sobre o Enigma… bem, imagino q não há espanto no fato se ele estiver mais focado nos relacionamentos que aconteceram naquele ano de Hogwarts. Afinal, não vejo outro caminho.
É esperar pra ver.