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Filmes Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Mais uma crítica de Enigma do Príncipe

Com a exibição que ocorreu para a imprensa do sexto filme da série, muitas críticas têm aparecido em sites americanos especializados sobre cinema e em sites brasileiros de Harry Potter. Pois bem, surgiu mais uma crítica ontem divulgada pelo TheShiznit, a mesma deu ao filme 3 de 5 estrelas. E nos dá a impressão de que o autor não saiu muito satisfeito do cinema.

O sexto volume da franquia sofre dos mesmos problemas que seus anteriores: há muito acontecendo, mas ainda dá a sensação de que tudo parece um pouco vazio. Há muito o que se gostar, certamente, mas tem que haver uma paciência de ferro para agüentar até o fim.

Confira a seguir a tradução na íntegra.

Primeiro, uma confissão: Nunca li os livros de Harry Potter. Vão em frente, podem me atirar pedras. Assisti aos filmes como distração, mas nunca me senti obrigado a comentá-los. Considerando que eles são claramente direcionados aos fãs mais radicais – tentar analisá-lo seria como apoiar um time de futebol que eu não torço, entretanto, são 6 filmes desta gigantesca franquia, então talvez seja a hora de dar a Harry Potter e o Enigma do Príncipe os seus méritos. Mas não me cacem se não concordarem comigo, ainda estou combatendo alguns fãs de Crepúsculo.

Se encontrar no Potterverse é difícil, não tanto por não ter estado nessas águas até o fim, mas por ter sido atirado ao oceano bem no meio.  É certo que os livros de J.K Rowling são repletos de detalhes e tramas bem desenvolvidas, sub-enredos e sub-sub-enredos e nem tudo pode ser retratado nos filmes.

O sexto volume da franquia sofre dos mesmos problemas que seus anteriores: há muito acontecendo, mas ainda dá a sensação de que tudo parece um pouco vazio. Há muito o que se gostar, certamente, mas tem que haver uma paciência de ferro para agüentar até o fim.

O primeiro momento do filme é uma experiência bastante energética, no mínimo, com o ataque realizado pelos Comensais da Morte à Ponte Millennium. O filme traz humor, sem contar com as desaventuras amorosas entre os estudantes de Hogwarts: Harry ama Gina, Rony ama Hermione, Dumbledore ama Harry. É como um episódio da série Hollyoaks, mas com mágicas.

As coisas realmente ficam atraentes quando aparece um garoto de 16 anos, chamado Tom Riddle (Voldemort),  o que dá a Enigma do Príncipe um certo  terror.  Apesar deste momento vir em apenas 90 minutos de filme,  o destaque fica com a cena de uma possessão incomum e Harry e Dumbledore seguindo para a caverna sombria, à procura de uma Horcrux. É tão assustador como o inferno, mas sempre mantendo o “deve-ser-mais-sombrio” de toda a franquia, com classificação 12 anos a cada capítulo lançado da série.

Os Comensais da Morte trazem realmente a sensação de ameaça quando estão na tela (Helena Bonham-Carter é brilhante novamente como Belatriz) e seus movimentos são fantásticos, como tinta preta em água. Realmente fascinante. Você desejará que o filme fosse todo neste estilo quando estiver assistindo. O diretor David Yates traz adequadamente a essência das obras de Rowling às telas, mas não pode evitar questionar como seria se fosse dirigido por Alfonso Cuáron ou, até mesmo, Guillermo Del Toro.

O elenco jovem é como um espinho no filme, por um lado – é fácil esquecer como são inexperientes: tudo que sabem é Potter. Daniel Radcliffe, – que parece fadado a ser o Mark Hamill da franquia – tem um papel de mal agradecido como o menino que sobreviveu. Considerando que ele é o “Eleito”, ele parece flutuar bastante de cena em cena,  sem ter uma direção definida. Em certo ponto, Dumbledore até ordena que ele “faça como eu digo sem me questionar” e dificilmente vemos um herói não questionar. Os poucos momentos onde Harry mostra-se confiante, são os melhores.

Emma Watson tem menos a trabalhar com Hermione, salvo por ser muito bonita. Seria mais aceitável se não franzisse a testa cheia de vergonha o tempo todo, mas essa é sua bizarrice. Isso torna o ruivo Rupert Grint o ponto alto dos três protagonistas, pois seu Rony está menos burro e mais charmoso do que esperado.

Breve Nota: Sobre a estudante Luna Lovegood, interpretada por Evanna Lynch: seu tempo de tela é muito curto, mas sua expressão é fantástica; em um momento, aparece de lugar nenhum com um gigante chapéu de leão na cabeça, por nenhuma razão aparente. Ela fala como se estivesse completamente fora de órbita todo o tempo. Mais um pouco dela, por favor.

Sem estar familiarizado com os livros, é difícil saber o que Rowling realmente propôs, mas  as piadinhas de Enigma do Príncipe raramente são apropriadas. Em uma das primeiras cenas, Watson finge rir por bons 20 segundos de uma piada mal elaborada sobre a idade de Dumbledore. Além disso, a sicronia é um pouco escassa, frequentemente o elenco opta por uma pausa dramática, mas o resultado disso não é muito satisfatório.

E tem mais, O Enigma do Príncipe conta com várias partes que são propensas a não serem compreendidas por trouxas como eu (nesse caso, os que não leram os livros) – ou isso, ou Rowling não escreveu bem o seu romance.

Frequentemente o filme usa magia como motivo para escapar de algo pintado anteriormente, pois uma vez estabelecido que tudo pode acontecer neste universo, muito pouco resta para ser realmente um mistério. Um exemplo disso é a cena em que Rony entra em choque após beber uma poção envenenada. Harry surrupia algo em uma gaveta e coloca em sua boca e o salva, “Graças a Deus que você usou o bezoar”, diz Dumbledore. Graças a Deus, de fato. E aí o drama acaba.

A relação de Harry com a magia, me lembra da relação de James Bond com a letra Q: “Preste atenção, Agente Potter, você pode precisar usar algum feitiço para  sair de uma situação arriscada no quarto ato”. Eu tenho certeza que existem profundezas ocultas que um conhecimento criterioso dos livros poderia ajudar a descobrir, mas ei, – nem todos podemos ler. É um filme sombrio, com todo o respeito – talvez umas horas no curso de literatura Potter poderia esclarecer um pouco mais.

Ao contrário dos filmes quatro e cinco, no entanto, Enigma do Príncipe parece ao menos ter construído algo grande. A ausência de Voldemort é perceptível, mas o clímax foi prejudicado e nos dá a entender que o último episódio será formidável.

Se você é um fã, com certeza irá encontrar motivo para reclamar e  se você é critico, também.

Por Pedro Henrique

é repórter da PH, fã número 02 da série (a n. 1 é a mariana :D), chosencaster, cinéfilo, adora ler, adora edição de video e imagens e adora séries de TV.

Uma resposta em “Mais uma crítica de Enigma do Príncipe

Lerei o trabalho de tradução de meu amigo depois de ver o filme. Sou influenciável pelos críticos não-pottermaníacos!

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