Em 29 de Junho de 1997, a autora J.K. Rowling apareceu nas páginas do jornal britânico The Sunday Times, em entrevista publicada apenas três dias após a chegada de Harry Potter e a Pedra Filosofal às prateleiras de todo o Reino Unido, através da editora Bloomsbury. Rowling, então uma autora de primeira viagem, e com 31 anos de idade, recebia a coroação após sete anos de trabalho árduo escrevendo o primeiro volume da série de sucesso que se tornaria Harry Potter. Durante este tempo, ela se casou com um jornalista de televisão português – e se separou dele, teve uma filha, e lidou com a morte de sua mãe, vítima de esclerose múltipla.
“Antes de o livro ser publicado, senti que ele salvou a minha sanidade mental, de verdade”, ela disse. “Eu voltei de Portugal sem emprego e sem lugar para morar. Escrevi furiosamente enquanto minha filha estava dormindo, o que não só me deu algo para fazer com o meu cérebro, mas foi um escape para mim, também. Pode soar sentimental, mas mesmo que o livro nunca tivesse sido publicado, ainda teria sido uma parte muito importante da minha vida. Porque me deu algum lugar para ir que não um apartamento horroroso em que me sentia presa.”
Uma escapatória que depois, percebeu a autora, acabou fortemente influenciada por algumas das coisas das quais tentava se distrair. Rowling escreveu um capítulo em que Harry Potter vê seus pais em um espelho mágico após a sua morte. “As pessoas disseram que é um capítulo bastante sombrio, e eu não acho que teria sido, se eu não tivesse perdido a minha mãe enquanto eu estava escrevendo o livro”, diz Rowling. “Eu daria qualquer coisa por mais cinco minutos com ela, o que, obviamente, nunca seria suficiente.”
Seu livro não só acabara de ser publicado, e vinha recebendo grandes elogios por toda parte, como a editora americana Scholastic, futura detentora dos direitos da série nos Estados Unidos, havia acabado de assinar o primeiro contrato para levar a história do pequeno bruxo para a América, em um acordo em que a autora dizia estar por volta de $100,000 (embora algumas fontes afirmassem que o valor poderia facilmente chegar a $500,000). Um grande avanço para uma escritora em seu primeiro romance, mas um acontecimento inédito quando se fala em histórias infantis, destacava o jornal em tom animado.
“Nunca esperei ganhar dinheiro com isso”, dizia ela. “Sempre vi Harry Potter como um livro peculiar. Eu gostei, e trabalhei duro nele, mas nunca em meus sonhos mais loucos imaginei grandes avanços.” O que o dinheiro significava para ela? “Em termos práticos, isso vai significar segurança. Nós fomos levando a vida, mas houve situações difíceis ao longo do caminho. Eu não quero dramatizar – nós não estávamos morrendo de fome nem nada, mas as famílias de pais/mães solteiros nunca vão enriquecer. É incrível pensar que algo que você fez vale à pena, por essa quantidade de dinheiro, a alguém, mas depois eu olho para minha filha e agradeço a Deus por isso.”
J.K. Rowling entregaria Harry Potter e a Câmara Secreta para seus editores ainda naquele mês.
4 respostas em “Vira-Tempo: “Contos de uma mãe solteira” (1997)”
*-* a Rowlling é uma super-heroína da vida real…
Com certeza não foi soh a vida dela q mudou por causa do Harry…
“Com certeza não foi soh a vida dela q mudou por causa do Harry…” + 1
““Eu daria qualquer coisa por mais cinco minutos com ela, o que, obviamente, nunca seria suficiente.” =( Ao londo dessa jornada,desde que aprendemos sobre o espeho de Ojesed,muitos de nós perderam alguém e tenho quase absoluta certeza de que nossos pensamentos acabam indo direto pro espelho.
Gente, hoje ela é uma das escritoras mais ricas do mundo… hehehe
JK é uma diva, gênio
Só quem de fato passou por momentos de dificuldade e crescimento poderia ter escrito a série Harry Potter. Os sentimentos descritos naquelas páginas são genuínos. A dor é sincera, assim como também é sincero o desejo de felicidade.