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Como Treinar o Seu Dragão

Título original: How to Train Your Dragon
País e ano de produção: EUA, 2010
Duração: 98 min
Gênero: Animação / Aventura / Fantasia
Direção: Dean DeBlois, Chris Sanders
Roteiro: Dean DeBlois
Elenco: Jay Baruchel, Gerard Butler, America Ferrera, Craig Ferguson

Animações costumam ter o poder de atrair uma enorme quantidade de público aos cinemas devido ao apelo infantil que costumam ter. Estúdios como Pixar, Dreamworks, entre outros, todo ano fazem o melhor que podem para lançar o melhor filme de animação do ano. Eu, pessoalmente, sou um fanático pela Pixar, e idolatro eles com o fundo do meu coração. Seus filmes fizeram parte da minha infância e marcaram a minha vida, sem exceções. Depois que passei a observar mais o mundo do cinema e conhecer técnicas e tudo o mais, passei a expandir mais meus horizontes, procurando outras animações além das da Pixar. Vou confessar que, até essa semana, a Dreamworks ainda estava num conceito muito abaixo do da Pixar na minha opinião. Apesar de fazer um enorme sucesso com filmes como Shrek, Kung Fu Panda e Monstros Vs. Alienígenas, a Dreamworks sempre representou pra mim filmes de comédia quase pastelão no mundo da animação, enquanto os filmes da Pixar possuiam um humor mais direcionado, sem piadas idiotas e com histórias que nos traziam uma mensagem no final e não só risadas. Pois bem, mudei minha forma de pensar sobre a Dreamworks depois de assistir Como Treinar o Seu Dragão.

O filme, adaptado do livro de mesmo nome, conta a história de Soluço, filho de um Viking que mora em uma aldeia constantemente atacada por dragões. O sonho do protagonista é se tornar um grande matador de dragões, porém suas ações levam todos a crer que ele não leva jeito para a “profissão”. Durante um ataque, Soluço consegue derrubar e capturar um Fúria da Noite, o dragão mais perigoso e misterioso de todos. Como é comum com as crianças, ninguém acredita em sua história quando ele a conta. Ao encontrar o dragão abatido, Soluço descobre que não consegue matar dragões e solta a criatura, que depois se torna amigo dele, recebendo o nome de Banguela.  Nesse meio tempo, seu pai o obriga a entrar no “curso” de treinamento para se tornar um matador de dragões. É aí que começa uma vida dupla, enquanto tenta sobreviver ao curso, Soluço desenvolve uma forte amizade com Banguela às escondidas que traz a ele uma forma diferente de ver o modo de viver dos dragões.

Como comentei, a Dreamworks sempre fez filmes em que os heróis e personagens principais sempre eram uma espécie de bobão atrapalhado que, para fazer rir, sempre caia, se batia em alguma coisa, ou causava algum desastre, fazendo todo mundo rir, como foi o caso do Panda Po, e o Burro de Shrek. Diferente da Pixar, que cria personagens profundos, com uma história forte e altamente apaixonantes como Wall-e, Nemo e Carl Fredericksen. Não estou desmerecendo a Dreamworks pelos trabalhos anteriores, só acho o estilo dos filmes inferior, ao se fazer uma comparação direta com a Pixar. Porém, em Como Treinar o Seu Dragão, não há esse humor, paradoxalmente, sem graça. As cenas engraçadas, realmente são engraçadas, e os personagens têm uma carga emocional muito forte. Aliás, a trama em si é densa. A amizade de Soluço com seu amigo dragão é delicadamente desenvolvida, fazendo a platéia se apaixonar pelo bicho e querer um igual para levar para casa. O mesmo acontece com a relação entre Soluço e seu pai, que possui um forte tom dramático e me fez encher os olhos de lágrimas no fim. Sem contar que o fator realidade está fortemente presente na história. (Half – Spoiler) A morte sempre é uma opção em cenas de ação e ferimentos graves são comuns, como realmente acontece com um certo alguém no clímax.

Apesar de tudo, todos os filmes da Dreamworks sempre tiveram um visual incrível, com cenas lindas de se assistir, como foi o caso de Kung Fu Panda. O mesmo acontece com esse filme. Cada dragão possui um estilo e forma diferente, o que os torna muito mais interessantes, pois passam a ter uma personalidade própria. As cenas de voo entre Banguela e Soluço são de tirar o fôlego e também incrivelmente bonitas. E todos os cenários são cuidadosamente trabalhados, dos mínimos detalhes à arquitetura da aldeia. Tudo isso é ainda melhor ao se assistir ao filme em 3D. Durante as cenas de voo, constantemente assistimos a cena do ponto de vista do dragão, o que nos faz entrar na tela e até sentir um certo frio na barriga. A profundidade é muito bem aproveitada e a Dreamworks finalmente acerta como usar o 3D de forma inteligente e interessante.

Como Treinar o Seu Dragão me surpreendeu, e muito. Faço questão em dizer que já é o meu favorito para o Oscar de melhor animação de 2010. Claro que a Pixar lança Toy Story 3 no meio do ano, o que pode mudar minha cabeça. Não sei qual vai se sair melhor, mas Como Treinar o Seu Dragão chegou para deixar sua marca nas nossas mentes, mostrando que a Dreamworks pode estar tendendo, em seus próximos lançamentos, para um caminho mais profundo no mundo da animação, onde os filmes deixam de ser apenas um produto de venda e diversão, mas também uma obra de arte que deve, e merece ser apreciada muitas e muitas vezes. Que eles se sintam à vontade, pois a fórmula eles já descobriram, só falta explorá-la da melhor forma.

Obs: Os apaixonados por Banguela, como eu, já estão tentando botar a tag #EuQueroUmDragao nos Trending Topics do Twitter. Quem quiser ajudar, fique a vontade! \o/