Ryan Gilbey, repórter do jornal britânico Guardian, teve a oportunidade única de se sentar fente à frente com o elenco, produtores, diretores e com a equipe técnica envolvida na produção dos oito filmes da série Harry Potter, para a divulgação de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2. Em meio ao saudosismo da despedida cinematográfica de Harry Potter, depois de uma década próspera de filmes, detalhes interessantes sobre os primeiros passos da franquia são revisitados.
Dez anos fazendo os filmes Harry Potter, pelo elenco e equipe
Potter Heaven | Tradução por Bruno MaranhãoDavid Heyman, produtor, HP 1-8: Quando o manuscrito de Harry Potter e a Pedra Filosofal chegou até mim, ele ficou algumas semanas na prateleira de baixo, não era prioridade.
Nisha Parti, consultora de produção, HP1: A empresa estava funcionando há algum tempo, mas ainda não havia encontrado o que a Warner Bros procurava. Estávamos pessimistas.
David Heyman: Toda sexta-feira, nós decidíamos o que cada um leria durante o final de semana.
Nisha Parti: Eu li o primeiro Harry Potter em casa, em um sábado pela manhã. Era brilhante – algo marcante e original, e me pareceu bastante visual e fílmico. Eu cheguei na segunda-feira completamente enlouquecida por aquele manuscrito. David me perguntou como se chamava, e eu respondi a ele que seu nome era Harry Potter e a Pedra Filosofal.
David Heyman: Eu disse: “Eu não tenho certeza sobre o título.” Mas eu o li e me apaixonei, o mundo que Jo havia criado era tão rico. No entanto, a Warner Bros não se entusiasmou imediatamente.
Tanya Seghatchian, co-produtora/produtora executiva, Harry Potter 1-4: Não era algo seguro. Entretenimento familiar não estava no centro da cultura cinematográfica da maneira como está agora. Mas, para mim, o livro de Jo, muito mais que uma aventura, também falava sobre caráter e sobre o poder do amor. Eu sabia que o seu apelo poderia alcançar mais do que apenas as crianças.
Nisha Parti: Eu sei que ninguém em Londres dirá que teve o manuscrito em suas mãos e o recusou, mas sei também que grandes companhias não encontraram no livro o que nós conseguimos ver àquela época.
David Heyman: Uma das primeiras pessoas que pedimos para dirigir Pedra Filosofal foi Mike Newell, que acabou fazendo o quarto filme. Pedimos Richard Curtis para escrever o roteiro, e ele disse que só faria se Mike estivesse na direção, eles haviam trabalhado juntos em Quatro Casamentos e um Funeral. Mas Mike recusou.
Tanya Seghatchian: Steve Kloves escreveu o roteiro, e Jo disse que no minuto em que o conheceu sabia que Harry estava em boas mãos.
Nisha Parti: Havia muitas discussões com relação aos diretores – Alan Parker, Terry Gilliam, Steven Spielberg.
David Heyman: Quando Steve [Kloves] entregou seu roteiro, Spielberg o leu e tivemos duas longas reuniões. No final de uma delas, Spielberg me mostrou uma foto de Haley Joel Osment e disse: “Sabe, este é um ator muito interessante…”.
Tanya Seghatchian: Chris Columbus havia feito os filmes Esqueceram de Mim, então, bem como o sucesso nas bilheterias mundiais, ele trazia também experiência erm trabalhar com crianças.
David Heyman: Penso que, do ponto de vista do estúdio, Chris Columbus era a escolha mais conservadora. Mas ele mostrou verdadeira paixão, e estabeleceu as pedras angulares da série.
Nisha Parti: Nós tínhamos um diretor antes mesmo de ter Harry Potter. Chegamos a um estágio onde achávamos que nunca iríamos encontrar o nosso Harry. Então, David encontrou-o no lugar mais aleatório.
David Heyman: Fui ao teatro e notei esse menino na platéia – ele tinha olhos grandes, e parecia ser uma alma velha em um corpo jovem. Eu conhecia seu pai, que estava com ele, então liguei no dia seguinte para perguntar se traria Dan para fazer o teste. O que eu não sabia era que eles já haviam recusado o convite uma vez – Chris [Columbus] tinha visto o garoto em David Copperfield da BBC – mas convenci Dan e sua mãe a tomar um café. Ele era curioso e entusiasmado, apropriado. Mas tudo girava em torno de escalar o grupo. Tivemos três ou quatro outros meninos na mistura, e vários Ronys e Hermiones.
Tanya Seghatchian: Eu assisti o screen test de Emma Watson e anotei no meu caderno: “Perfeita! Mas ela é bonita demais.” Nós nos perguntávamos se deveríamos dar à personagem um visual mais dentuço, como nos livros. Eu me lembro da primeira press conference, quando os três foram revelados ao mundo. Eles passaram a noite anterior escondidos em um hotel. Rupert foi a grande surpresa, ele era tão natural.
…
Tim Burke, supervisor de efeitos visuais HP 2-6, supervisor sênior de efeitos visuais HP 7-8: É muito triste agora que tudo acabou. Você percebe que esse tipo de coisa provavelmente nunca acontecerá novamente nesta escala.
David Yates, diretor, HP 5-8: Para a última cena a ser garvada, Daniel, Rupert e Emma tinham de se jogar neste imenso capacho azul. Me lembro de ter pensado como aquele era um fim apropriado: um salto para o além.
Faltam seis dias para Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2!