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Mau Começo

Subtítulo: Desventuras em Série (vol. 1)
Autor: Lemony Snicket
Tradutor: Carlos Sussekind
Ano: 2001
Editora: Companhia das Letras
Nº. de páginas: 148

Esta é uma resenha muito desagradável, pois vai tratar de um livro muito desprezível.

Para todos aqueles que acompanharam a série, ou leram algum dos treze livros dela, os adjetivos negativos e os infortúnios que afloram as páginas de Desventuras em Série não são novidades. Talvez a princípio, mas cedo ou tarde nos acostumamos com a má sorte que insiste em pairar sobre a cabeça dos irmãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire. Os três passam por maus bocados e entram em becos aparentemente sem saída enquanto o vilão, o temível Conde Olaf, mexe suas cordinhas e faz de tudo para tornar a vida deles um inferno.

Violet é a mais velha dos três com 14 anos; ela tem um talento nato para criar as mais diversas invenções. Quando ela amarra seu cabelo com uma fita para mantê-lo fora dos olhos seu cérebro funciona como engrenagens trabalhando em perfeita ordem. Klaus é o irmão do meio e tem 11 anos; o que ele mais gosta de fazer é ler. Já leu grande parte do acervo da imensa biblioteca da Mansão Baudelaire. Por fim, vem Sunny, que é apenas um bebê; seu passatempo favorito é morder coisas resistentes com seus quatro dentes afiados. Ela se comunica na língua dos bebês e, para que outras pessoas possam entendê-la, é necessário ter um dos seus irmãos por perto para traduzir. Esse é o perfil das personagens principais. Os talentos de cada um funcionam como um deux ex machina naquelas situações onde tudo parece estar perdido.

As desventuras dos irmãos Baudelaire começam com um incêndio que destrói sua mansão e leva a vida de seus pais. Um banqueiro e amigo da família chega para dar as más notícias para eles, que estavam numa praia na hora do incidente. Como crianças normais, os três ficam abalados e chegam até a pensar que tudo não passa de uma brincadeira de mau gosto. Infelizmente, Violet, Klaus e Sunny ficam órfãos e tornam-se herdeiros da grande fortuna deixada por seus pais. O banqueiro é responsável por tomar conta dessa fortuna até que Violet atinja a maioridade e possa administrar por conta própria o dinheiro, entretanto, os órfãos terão que morar com um tio distante no meio tempo. E é nesse momento que as vidas deles começam a ficar mais desagradáveis.

Conde Olaf é um homem alto e magro e de uma sobrancelha só. Ele é líder de uma trupe de artistas que representam peças de teatro. Ele vive numa casa fantasmagórica e repugnante: o novo lar dos irmãos Baudelaire. Olaf trabalha com afinco em prol da permanência da infelicidade na vida dos órfãos, além de criar planos malévolos para se apossar da fortuna. Acho que já falei demais da história, não?

Visivelmente, Desventuras em Série é destinada ao público infantil. O autor usa uma linguagem simples e engraçada para desenvolver suas histórias; em alguns pontos ele emprega palavras e expressões não tão corriqueiras, mas, logo em seguida, descreve seus significados. É uma forma interessante de se aumentar o vocabulário do leitor sem que este tenha que recorrer ao dicionário. E convenhamos que crianças não costumam ser fãs de dicionários, a não ser que a criança em questão seja Klaus Baudelaire. As ilustrações geralmente vêm nos começos dos capítulos e dão uma pista do que pode acontecer dali até o começo do próximo capítulo. São ilustrações interessantes e muito bem trabalhadas.

Não é por ser voltado para o público infantil que os adultos deixariam de ler essa série tão desagradável. O que quero ressaltar neste parágrafo é a ignorância que existe na mente de alguns pais que chegam a proibir seus filhos de ler os livros de Desventuras em Série. As crianças são maltratadas na história e o vilão é implacável e não tem dó das três crianças indefesas que ele trata com tanto escárnio. Além disso, a maioria dos adultos na história é representada como pessoas más ou pessoas boas e totalmente manipuláveis. Esse é o teor da história: infortúnio na vida de três crianças órfãs. O autor interage com o leitor em diversas páginas declarando que, todo aquele que não gosta de história com finais tristes e trágicos deveria fechar o livro e ler um conto de fadas. E o mais engraçado é que é verdade. Entretanto, pode-se ver Desventuras em Série como uma história interessante, cheia de mistérios e bem educativa. Os pais deveriam saber educar seus filhos e guiá-los enquanto leem os livros da série. As crianças são espertas e sabem diferenciar o certo do errado até melhor do que muitos adultos. Desventuras em Série reforça esse ponto essencial que deve fazer parte da personalidade das pessoas ao mostrar que, mesmo cercados por gente má ou que não vá ajudá-los, os irmãos não se deixam influenciar e não se vingam. Elas não se tornam vis e estão sempre trabalhando em equipe, reforçando o espírito de união familiar apesar das complicações. São esses os pontos que muitos pais não vêm ou não querem ver.

Por mais que os órfãos Baudelaire sofram, é possível passar bons (porém, breves) momentos com eles e acompanhá-los nas várias situações difíceis onde eles devem unir forças e conhecimentos para derrotar os planos de Olaf. Os irmãos são inteligentes e muito educados e buscam, apenas, um final feliz. Mau Começo acaba sendo um bom começo para essa série tão perspicaz. Alguns dos livros posteriores são ligeiramente maçantes e repetitivos quanto ao desenrolar da história, como se eles fossem seguir determinado padrão até o fim. Porém, como numa súbita guinada, mistérios surgem e tudo vai ficando mais e mais interessante. Situada num universo muito parecido com a Inglaterra dos anos 30, essa história é encantadora e, sinto dizer… muito, muito, muito desagradável.

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Conta Comigo

Título Original: Stand By Me
Ano: 1986
Duração: 89 minutos
País: Estados Unidos
Elenco: Wil Wheaton, River Phoenix, Corey Feldman, Jerry O’Connell, Kiefer Sutherland, Casey Siemaszko, Gary Riley, Bradley Gregg.
Direção: Bob Reier

Baseado no conto The Body, de Stephen King, o filme Conta Comigo conta a história de quarto jovens amigos que vivem na pacata cidade interiorana de Castle Rock, no estado de Oregon, Estados Unidos.

Gordie Lachance, agora já adulto, trabalha como escritor e narra a aventura que ele e seus amigos de infância, Chris, Teddy e Vern viveram quando ele tinha doze anos de idade. O grupo de jovens toma conhecimento do desaparecimento de um adolescente, e decide viajar em busca do corpo do jovem. Os quatro acreditam que se encontrarem o corpo desaparecido, a pequena cidade onde vivem os transformará em heróis.

Os quatro amigos, todos com personalidades fortes e alguns problemas em casa, partem em uma viagem que dura dois dias e, ao longo dessa jornada, os amigos passam por todos os tipos de provação, mostrando que devem ficar unidos o máximo possível para chegarem bem ao fim da jornada. Essa viagem funciona também como um período de auto-conhecimento para esses jovens, que acabam descobrindo seus medos, receios e alegrias, além da descoberta do valor da amizade.

Vale ressaltar também que alguns fatos da história remetem à vida do próprio autor Stephen King. A relação do protagonista com a morte do irmão mais velho, por exemplo, representa a relação que o autor teve com a morte do irmão, morto em um acidente de carro. Outro fato que possui relação com a vida pessoal de Stephen é a questão de o personagem principal ter se tornado um escritor famoso quando mais velho.

É um filme clássico, inúmeras vezes reprisado na TV durante a década de 1990, mais que vale ser assistido. O filme, indicado a vários prêmios (incluindo Oscar de Melhor Roteiro Adaptado), possui um roteiro bem feito, uma fotografia belíssima e uma trilha sonora marcante, fatores que contribuem para que esse filme se torne um clássico simples e tocante.

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O Solista

Título Original: The Soloist
Ano: 2009
Direção: Joe Wright
Escritores: Steve Lopez, Susannah Grant
Elenco: Jamie Fox, Robert Downey Jr, Catherine Keener
País: Inglaterra

Pra começar quero dizer que não sou muito fã de grandes dramas e grandes histórias de vida a exemplo de “A procura da Felicidade” e “Sete vidas” que apesar de uma história bonita achei parado demais e chato. Mas “O Solista” me comoveu então vamos ao resumo rápido.

Steve Lopez, colunista do jornal Los Angeles Times, está à procura de novas idéias para sua próxima coluna quando certo dia ele conhece um mendigo com problemas mentais que toca, aos pés da estátua de Beethoven, um violino velho de apenas duas cordas. Impressionado Lopez procura entender como uma pessoa com tanto talento acaba indo parar nas ruas. A partir dai ele vê no mendigo o alvo pra sua próxima coluna. Sendo assim ele procura informações sobre parentes e sobre o passado de Nathaniel Ayres e acaba por descobrir a história de um ex- aluno da escola de música Julliard, que tocava violoncelo quando era criança, mas quando foi parar nas ruas de Los Angeles passou a tocar violino.

A história, na qual seria apenas mais uma coluna de um jornal, conquista o próprio autor, Lopez acaba se tornando amigo do músico e passa o filme tentando ajudá-lo a ter uma carreira e desenvolver as habilidades dele como músico. Além disso, em uma noite enquanto ele vê Nathaniel adormecer numa cama improvisada no chão ao lado de ratos, acaba se vendo de perto a dura realidade dos moradores de rua em meio às drogas e a violência.

Além da história baseada em fatos reais contada pelo próprio Steve Lopez em um livro ser muito bonita a escolha dos atores também foi bem feita.

Confesso que a único filme que eu assisti com o Downey Jr foi Homem de Ferro, um filme com muito mais ação e efeitos especiais que acabam por deixar de lado a interpretação do ator. Depois de assistir “O Solista” acabei por descobrir o talento por trás do Homem de Ferro. O ator transmite claramente o envolvimento que Lopez teve com a história de Nathaniel, além de trazer um lado engraçado em determinadas cenas.

Quanto a Jamie Fox, uma vez consagrado com o Oscar de melhor ator na sua interpretação de Ray Charles, prova mais uma vez que deveria largar sua carreira de cantor e se dedicar inteiramente à de ator. Fox demonstra perfeitamente a emoção do personagem a cada acorde e a paixão forte pela música que Nathaniel tem.

O filme dirigido por Joe Wright (Desejo e Reparação) é conduzido de forma brilhante ao demonstrar a história de vida do músico e o quanto Steve Lopez se envolve pra ajudar o novo amigo.

No Brasil, lançado no inicio de novembro do ano passado, “O Solista“ acabou tendo seu brilho ofuscado pelo furor do lançamento de “Lua Nova” que estava por vir, além do fenômeno “Avatar” que também seria lançado em breve, então acabou não abocanhando grandes bilheterias nem sendo muito comentado. Pra mim é um drama bonito sem ser clichê e que vale a pena ser conferido.

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Um Sherlock Holmes de muitos músculos

Título Original: Sherlock Holmes
Ano de Lançamento: 2010
Direção: Guy Ritchie
Elenco: Robert Downey Jr, Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong, Kelly Reilly.

Há alguns anos contraí o vício de ler e reler as histórias sobre o ilustre “investigador conselheiro” Sherlock Holmes e seu fiel companheiro Dr. Watson. Até passei por uma fase curta onde tentei pôr em prática as teorias da Ciência da Dedução de nosso caro detetive. Nem é necessário dizer que não obtive sucesso, não é verdade? Não tenho um quinto da sagacidade da mente de Holmes e nem chego perto de seu vastíssimo conhecimento de cultura e ciência em geral. Nos últimos dias, fui surpreendida com o trailer de “Sherlock Holmes” e confesso que esse primeiro contato não me causou boa impressão.

O Holmes que conhecemos é magrelo, tem aquele nariz adunco e o velho jeitão britânico. A personagem criada por Sir Arthur Conan Doyle não tem a sensualidade do Robert Downey Jr. É claro que eu estava carente de mais uma adaptação para o cinema, mas não estava disposta a encarar o clima exagerado de ação que o trailer prometia. Parecia fugir muito do que estamos acostumados a ver nos diários de Watson. Fui ao cinema com um pé atrás e me surpreendi. A modernizada que conferiram às personagens não pesou tanto e a coisa toda funcionou harmoniosamente.

Mais uma vez cheguei à conclusão de que não podemos ficar tão presos aos textos. Se a adaptação mantém a atmosfera e características gerais do texto, por que não inovar? O Holmes ficou bem com os músculos e piadas rápidas. Além disso, o filme mantém o detetive dependente de seus casos e mostra de maneira bem-humorada as crises que esse tem nos intervalos entre uma investigação e outra. É claro que cortaram a parte da cocaína (não seria bom comercialmente falando), que foi substituída por garrafas e mais garrafas de bebida.

Os métodos investigativos de Holmes foram bem retratados. O filme conseguiu levar para o cinema a engenhosidade da mente sherlockiana, com toda sua rapidez em processar os dados, acessar um rico acervo mental e devolver tudo em ações bem planejadas. Ah, o apreço do detetive pela música também não ficou de fora.

Quanto ao Dr. Watson, interpretado por Jude Law, também não tenho do que reclamar. O filme mostra sua tremenda admiração pelo amigo detetive, assim como nos textos do Cânone sherlockiano. Também no filme a admiração por Holmes, seus casos e métodos são o combustível que arrasta o médico para as aventuras. E a mãozinha que o Dr. Watson dá para o Holmes nos momentos depressivos também foi parar nas telonas.

Em suma, é o Sherlock Holmes que gerações e gerações de leitores tanto amam, mas com uma repaginada. Baseado na História em quadrinhos da autoria de Lionel Wigram, “Sherlock Holmes”, dirigido por Guy Ritchie, traz um Holmes mais físico e brigão, mas nem por isso com menos massa cefálica. Que venha a seqüência!

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Arraste-me para o Inferno – Terror?

Título Original: Drag Me To Hell
Ano de Lançamento: 2009
Direção: Sam Raimi
Elenco: Justin Long, Alison Lohman, Lorna Raver, Dileep Rao, David Paymer, Adriana Bazarra.

Mesmo para um filme com um nome tão sugestivamente trash (a adaptação pro português conseguiu, claro, como quase sempre, ficar pior – Arraste-me Para o Inferno meio que já te avisa o que está por vir, né?), juro que esperava mais de Drag Me To Hell.

Primeiro que, sem noção alguma da história do filme, e vendo apenas as imagens dos encontros da Sra. Ganush – com quem eu até simpatizei, pra falar a verdade. Mocinha odiável aquela Christine, pelamor – com a dita heroína, Christine Brown, a impressão que eu tinha era que ela – a Sra. Ganush – era o demônio a que se refere o filme.

Aliás, antes de desenvolver isso, um resumo básico da história: Christine é uma corretora de empréstimos num banco, que está quase conseguindo uma promoção. Pra ficar bem com seu chefe, nega uma extensão dum empréstimo à Sra. Ganush. Claro que a cvelha nojenta era uma cigana que amaldiçoa a loira, pondo em seu caminho um demônio que a perturbará por três dias e depois virá levar sua alma diretamente para o inferno.

Pois bem. Antes de qualquer coisa: quão imensamente desnecessário era tornar a Sra. Ganush uma espécie de morto-vivo, um quase cadáver, que tosse catarro num lenço e logo depois retira as dentaduras com fios marrons de saliva para chupar da maneira mais barulhenta possível uma bala qualquer? Só eu senti um quê de preconceito contra os gipsies? (Por que sim, todos os ciganos no filme são algo parecido.)

Quando se conhece o final do filme (que eu estou morrendo de vontade de revelar e fazer todo mundo desistir do terrorzinho logo, mas não vou), essa impressão se estabelece com ainda mais força; a idéia é de que sim, Christine é uma egoístazinha que NÃO deve levar razão na história, mas ainda assim, como que a gente fica com raiva da loira bonitinha que desprezou a velha nojenta que nem limpar as unhas limpava?

Falando em coisas desnecessárias; a primeira cena de ‘luta’ – eu diria que a cena que verdadeiramente nos apresenta a sra. Ganush como a velha idiota, a errada da história – uma cena dentro do carro da protagonista, dentro dum estacionamento vazio (exceto por dois outros carros, que, claro, no meio da luta angustiante, pés incontroláveis no acelerador, são AMBOS atingidos pelo primeiro), é uma injustificável sequência de violência verbal e física entre as duas: tapas, pontapés, olhos grampeados… Opa, a sra. Ganush leva um soco que arranca sua dentadura. O que ela faz? Segura Christine enquanto procura pelos dentes para mordê-la com raiva? Chora humilhada? Dá um soco de volta? Queria eu.

Ela inexplicavelmente se joga em cima da outra e começa e chupar o seu queixo.

Eu até teria suportado tal cena abominável, se logo após não tivesse descoberto que o que a cigana precisava – tudo o que ela queria, afinal – era roubar um botão da roupa da mocinha, para amaldiçoá-lo.

Veja bem; ela só precisava amaldiçoar um botão e sua vingança estaria completa. Chupar o rosto da outra ou tentar enforcá-la absolutamente não faziam parte do ritual, só serviam – mais uma vez – para nos fazer gostar da menininha que queria um salário maior e humilhou a velha nojenta, pra justificar que achássemos a cigana o ser mais insignificante e mau – ah, que cigana má – da história.

E isso deve ser o quê, os primeiros vinte minutos de filme?

É.

Antes de pular para quando a podre -opa- a pobre corretora começa a ser atormentada pelo espírito mau, preciso comentar a sideline story do início do filme, e que teoricamente deveria ter alguma correspondência óbvia – pelo menos o suficiente para que o espectador pudesse fazer um link pra situação atual, da corretora – em que um menino é atormentado pelo mesmo espírito, vai para uma “exorcista” e não consegue ser salvo. Bem, a explicação dada para que o espírito estivesse atrás dele é que ele “roubou um colar de prata de um grupo de ciganos”. Espera, mas o espírito não começava a te perseguir quando um cigano malvado amaldiçoasse algo seu?

Talvez, se eu parar para pensar, alguma explicação de como as histórias se relacionam me venha à cabeça. Mas, além de que esse tipo de coisa, principalmente em filmes de terror, mais sobrecarregados que outros tipos, devia ficar claro; o filme não me cativou o suficiente, desculpem, para me fazer pensar nisso.

Inicialmente, eu relacionei a colar de prata com a moeda de prata que ela dá para o namorado; mas claro que essa idéia se dissolve rapidamente. Mas a moeda, ah… O ênfase nela foi tão nada sutil que fica absolutamente impossível não achar o final absolutamente previsível.

Agora. Talvez, mesmo com toda a previsibilidade e as incoerências preconceituosas, talvez houvesse algo a se levar a sério ali. Um pouquinho da história era engolível. Mas o filme absolutamente NÃO convence. O personagem mais verdadeiro ali foi o ‘vidente’, e só porque ele explora a garota e não lhe dá muitas esperanças.

Logo no primeiro dia de “possuída”, a louca jorra sangue bela boca e pelo nariz, como um esguicho, em cima do chefe, e simplesmente diz “não estou me sentindo bem” e vai embora, enquanto o chefe se preocupa com o sangue que pode ter entrado em contato com alguma de suas mucosas.

Tipo. Não sei vocês, mas eu acho que se alguém jorrasse sangue em mim eu ficaria mais preocupada com a pessoa que com minha roupa manchada.

A isso se segue, entre outras coisas, a uma visita da desesperada no vidente que diz que ela poderia sacrificar um animal para o demônio, de modo que ele desistisse dela. Absurdamente abismada, Christine lança um revoltadíssimo “Eu sou vegetariana! Amo animais, não vou sair por aí matando nada!!”

Claro, em uns cinco minutos o demônio dá uns tapas nela e ela mata o gatinho de estimação.

E claro, não funciona. A essa altura o demônio já está ganhando da garota. Ela se desespera. Paga uma espécie de exorcista – a-rá! A mesma exorcista do garoto do início da história. Sabia que aquilo não estava lá por acaso!

E então… O clímax do filme é o mais anti-clímax possível.

Só posso dizer que há um bode e uma cova aberta na chuva. Daqui não passo. É por sua conta e risco.

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Star Trek

Título Original: Star Trek
País e ano de Produção: EUA, 2009
Duração: 126 min
Gênero: Aventura / Ficção científica
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman
Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Simon Pegg, Eric Bana, Karl Urban, Amanda Grayson, Zoë Saldana

“Espaço, a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise em sua missão em busca de estranhos novos mundos, pesquisando novas vidas e novas civilizações. Audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve.”

Esse trecho não é muito famoso entre os jovens como eu. Na verdade, se eu já havia ouvido ou lido, não me recordava até assistir pela primeira vez Star Trek ano passado. O filme, que conquistou rapidamente o posto de um dos favoritos blockbusters do ano, é um renascimento da famosa série Jornada nas Estrelas, que já teve várias temporadas na televisão e muitos filmes. Muito se falou sobre como aconteceria esse renascimento da saga e sobre como J.J. Abrams, o diretor, traria de volta todo esse universo incrível às telas. E o que ele fez foi algo que gerou contentamento, tanto com os novos espectadores, quanto com muitos dos fãs que tanto estavam especulando sobre o filme.

Posso dizer que Star Trek é um novo começo. J.J. Abrams e os roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci simplesmente criaram uma desculpa (muito boa) para explicar os rostos diferentes e jovens para os personagens: Realidades Paralelas. Confuso? É muito simples. Eles introduziram na mitologia da série o conceito de que muitas dimensões e realidades coexistem de forma harmoniosa, com tempos, universos e histórias diferentes. Ainda confuso? Exemplo: Você está lendo essa resenha aqui agora, porém, em outra dimensão, outro você pode ainda estar nascendo! Super nerd não? Nada melhor para um filme que, assim como Star Wars e outros filmes de ficção científica, é objeto de adoração por nerds do mundo todo. Quem já assistiu a série The Big Bang Theory, a fonte de humor nerd da atualidade, sabe que todos os personagens amam a saga e a adoram como uma religião.

A história começa quando Spock, ainda vivido pelo venerado Leonard Nimoy que vivia o personagem na série original, retorna ao passado por acidente junto com o vilão romulano Nero (Eric Bana) que busca vingança contra os vulcanos, raça a que Spock pertence. Com o perigo eminente da destruição de Vulcano, cabe a tripulação recém formada da Enterprise impedir o vilão, ajudando assim o já velho Spock. Nessa nova tripulação, James Kirk é vivido por Chris Pine de forma extremamente expressiva. Todas as suas cenas, tanto de humor (são muitas), de ação ou de emoção são bem balanceadas e ele mostra realmente a que veio como capitão da Enterprise. Como seus fiéis amigos vemos McCoy e Spock (o ainda jovem), interpretados por Karl Urban e Zachary Quinto (Sylar, de Heroes), respectivamente. Seus papéis são muito interessantes, assim como o de todos os outros membros da tripulação. Destaque para Uhura, vivida pela linda Zoë Saldana, que está ganhando maior destaque agora com seu papel em Avatar, mas que já tem mostrado ser uma atriz muito boa para os mais variados papéis.

Clichês da série aparecem aos poucos na trama, causando arrepios até para quem pouco conhece, como eu. Qual nerd nunca ouviu a famosa frase “Vida Longa e Próspera”, cumprimento usado por Spock? E clichês como esse se tornam úteis para atualizar o filme para os novos expectadores. Um exemplo disso é a cena em que o Spock velho e o novo se encontram e que, ao meu ver, simboliza uma espécie de rito de passagem tanto para os atores quanto para os personagens.

Os efeitos especiais são os melhores que a série já viu. O filme já começa com um show de cores impressionante, quando somos jogados no meio de uma batalha no espaço. A fotografia é moderna e ao mesmo tempo de ótima qualidade, o que só deixa o filme visualmente ainda mais belo. O roteiro bem estruturado não deixa tempo para descanso nas nossas mentes, se não estamos rindo com alguma cena engraçada, estamos empolgados com alguma cena de ação mirabolante ou então absorvendo alguma informação importante para a trama. Se o filme tem algum defeito grande, ele é ofuscado pela qualidade do resultado que vemos na tela.

Star Trek é um filme ousado que, mesmo um ano depois de lançado, ainda gera comentários entre os Trekkers (assim são chamados os fãs da saga). J.J. Abrams, conseguiu com triunfo construir uma história consistente e divertida, mesmo ao mexer com viagens do tempo e dimensões paralelas – temas que geram extrema confusão nas séries e filmes em geral. Com esse novo começo para a  tripulação da Enterprise, muitas fronteiras são abertas para muitas outras jornadas que poderemos acompanhar em breve ao lado da tripulação. A série já é velha. Mas parece que estamos apenas começando a nossa jornada nesse universo incrível.

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O Conto da Ilha Desconhecida

Autor: José Saramago
Ano: 1998
Editora: Companhia das Letras
Nº. de páginas: 64

“Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco”. Essas são as palavras iniciais desse conto que vem no formato de um pequeno livro, mas que possui uma grande mensagem por trás.

O Conto da Ilha Desconhecida narra a história de um homem que pede a um rei um barco para ir atrás de uma ilha desconhecida. Uma ilha que homem algum jamais pisou o pé. O homem é obstinado e, parado no batente de uma das várias portas do castelo, insiste que o rei lhe dê um barco para seguir sua viagem. Após uma arguta argumentação com o rei, o homem consegue o que quer. Ele tem seu barco, mas nunca navegou na vida. Isso não é problema para ele. Em meio a tudo isso, o homem inspira a faxineira que trabalhava no castelo do rei. Ela toma a decisão de seguir o homem e ajudá-lo nessa busca. E assim a história se desenrola em poucas e pequenas páginas com ilustrações marcando o caminho.

Para quem não é familiarizado com o autor da obra em análise, ele é José Saramago. O português nascido em Ribatejo, uma província portuguesa, em 1922, foi ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998. Ele é considerado um dos autores mais notáveis da literatura moderna e suas obras geralmente abordam questões da condição humana. Suas histórias frequentemente se lançam como um grande “e se…?”. E se isso fosse possível? E se isso acontecesse? Como as pessoas reagiriam? Como eu agiria? E com isso ele desenvolve suas tramas bem boladas baseadas em frases perspicazes e situações inusitadas. Saramago é um autor que sabe analisar a mente humana sob uma perspectiva única.

Costumeiramente, diz-se que as obras de Saramago não encontram um meio termo no gosto das pessoas: ou você gosta, ou você não gosta. Tal assertiva é fundamentada sobre diversos motivos, porém, o mais famoso é o modelo da escrita. Pontos de interrogação? Pontos de exclamação? Ponto e vírgula? Travessões introduzindo diálogos? Saramago não se atém a isso. Ele faz uso de somente duas formas básicas de pontuação: pontos finais e vírgulas. O fluxo do texto corre solto pelas páginas e a narrativa se mistura com os pensamentos dos personagens e, às vezes, do próprio autor. Há frases longas que podem ocupar até duas páginas. Para introduzir um diálogo ele usa uma vírgula e a primeira letra maiúscula na palavra logo depois dela. De início, é muito peculiar, mas, uma vez envolvido com a história, é possível acostumar-se rápido com a escrita.

Os personagens não possuem nomes, tampouco as cidades e os países. Não há datas específicas. O rei é o rei, o homem é o homem, a faxineira é a faxineira. A história poderia se passar em qualquer época, em qualquer lugar. Isso dá margem para a imaginação trabalhar mais livremente. Pode-se imaginar como quiser, na época que desejar.

Vale ressaltar que a gramática que vige nos livros é a de Portugal (isso a pedido do autor). Muitas palavras e expressões ficam estranhas em algumas frases, até porque nós, brasileiros, não estamos acostumados com elas. As construções gramaticais, no todo, soam bem diferentes também. Contudo, tudo isso acaba sendo interessante e os dicionários estão aí para esclarecer o significado de algumas palavras. Para todas as outras não encontradas, a internet está à disposição.

O livro em questão não foge aos costumes de escrita do autor, citados acima. É válido dar uma oportunidade e apreciar o conteúdo dessas 64 páginas. A história encanta e através de uma cortina de metáforas simples e bem boladas, podemos enxergar uma mensagem, também simples, mas valiosa  e sincera. As imagens que permeiam algumas páginas ilustram a história de uma forma diferente: não é algo direto, é metafórico. É preciso ir um pouco além para achar significados às aquarelas. Eu as interpretei de uma forma, você poderia interpretar de outra e nós dois poderíamos estar certos.

Eu não poderia falar mais dessa história sem entregá-la quase que totalmente. Para evitar que tal aconteça e finalizar esta resenha, poderia acrescentar que esse livro retrata o homem. Estamos constantemente buscando alguma coisa só que geralmente não sabemos por onde começar a procurar. Esse livro mostra um homem que aprendeu o caminho em busca de seu sonho: uma ilha desconhecida.

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Contatos de 4º Grau

No começo do filme, a atriz Milla Jovovich aparece na frente da câmera, se apresenta e diz que representará a psicóloga Abigail Tyler nos relatos de eventos ocorridos em Nome, no Alasca em 2000. Ela avisa logo de primeira que as imagens que serão mostradas são muito perturbadoras e que caberia a cada um de nós decidir se acreditaremos ou não no que veriamos. Sinceramente, com um começo desses, não tinha como eu já não ficar interessado no filme!

A história no geral fala dos tais eventos passados no Alasca, quando habitantes da tal pequena cidade começam a ter os mesmos sonhos e sintomas: acordam sempre às três da manhã extremamente angustiados e toda noite vêm uma coruja que constantemente os observa da janela. Quando os habitantes vão se consultar com Abigail ela descobre, através de hipnose, que o que estava causando aquilo tudo na cidade era uma espécie de força extraterrestre. Parece um tema batido, com pouca coisa para ser usado como artifício para assustar uma platéia, mas com a ajuda dos vídeos gravados pela doutora Abigail, o filme se torna muito perturbador.

Quando a introdução acaba, somos apresentados à verdadeira Abigail Tyler. Seu estado é, sem melhores palavras, assustador: a pele pálida, os olhos esbugalhados como os de uma coruja (que ironia) e aparência de uma mulher doente e debilitada. Ela está sendo entrevistada pelo diretor do filme Olatunde Osunsanmi. A história se desenrola de acordo com os relatos dela. Imagens de Milla Jovovich e da real Abigail são misturadas durante todo o filme para mostrar os perturbadores eventos que a doutora testemunhou em Nome.

Está curioso para saber que eventos são esses? Só assistindo para saber!  A técnica caseira usada no recente Atividade Paranormal e no famoso A Bruxa de Blair se mostra ainda mais eficiente em Contatos do 4º Grau, simplesmente porque somos avisados que são imagens verdadeiras. Pensar que tudo aquilo realmente pode ter acontecido (e ainda pode estar acontecendo) é algo muito assustador para se pensar. Confesso que a temática de seres extraterrestres invadindo a Terra me assusta desde que era pequeno. Filmes como Guerra dos Mundos, Sinais e ET – Extra Terrestre marcaram minha vida, cada um com seu jeito. Mas o meu medo nunca deixou de existir. Quando assisti esse filme, a sensação de insegurança e paranóia voltou durante os 100 minutos de filme.

Não posso negar que fiquei um pouco desconfiado da verdadeira doutora Abigail mostrada nos vídeos. Tiveram alguns momentos que pensei estar vendo uma atuação de uma atriz mesmo. A história dela e da sua família não se encaixou muito bem nos mistérios envolvendo a cidade, o que me deixou mais desconfiado. Porém, o realismo que alguns dos vídeos nos passa (como o gravado pelo carro da polícia) é quase incontestável. Talvez eu precise assistir de novo e pesquisar mais, já que tudo que procuro no Google sobre a doutora, me leva a dados apenas sobre o filme. Pode ser que essa seja apenas mais uma campanha viral para promover o filme ou então seja mais um caso abafado que veio a tona agora.

A questão é que o filme diverte e instiga até o mais descrente. Se você gosta de mistérios, de histórias alienígenas e coisas do tipo, Contatos de 4º Grau é um filme que recomendo com fervor. Ele parece uma espécie de relato feito por um daqueles sites sobre lendas urbanas. Porém, ao contrário de algumas dessas lendas, o filme nos mostra fatos muito mais reais e realmente acreditáveis. Como diz Milla Jovovich no início da história, cabe a cada um de nós decidir se acredita ou não. Mas citando um dado que nos é mostrado no meio do filme, 11 milhões de pessoas já viram ou presenciaram algo relacionado à extraterrestres. Não acham que é gente demais sofrendo da mesma loucura?

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Quem quer ser um Milionário?

Título Original: Slumdog Millionaire
Ano: 2008
Direção: Danny Boyle
Elenco: Dev Patel, Freida Pinto, Madhur Mittal, Raj Jutshi
País: Inglaterra

Uma das grandes surpresas do cinema nos últimos anos, Quem Quer Ser um Milionário? é um filme simples, de história cativante e que não depende de efeitos visuais de última geração para conquistar um público fiel.

Baseado no livro Q and A, do autor Vikas Swarup, a história foca-se na participação do jovem Jamal Malik na versão indiana do programa Who Wants To Be A Millionaire? Jamal, que cresceu nas favelas de Mumbai, não possui qualquer grau de escolaridade e surpreende ao conseguir responder a todas as perguntas que lhe são feitas no programa.

Sob suspeitas de trapaça no jogo, o programa é encerrado prometendo uma continuação para o dia seguinte. Jamal cai em uma armadilha, é seqüestrado e torturado quando está deixando o programa.  O principal objetivo disso é que Jamal confesse algum tipo de fraude. O jovem é levado então para uma delegacia de polícia, onde é interrogado por um delegado.

Enquanto é interrogado, Jamal leva o espectador para dentro de sua história, que se confunde com a história da Índia moderna. A infância pobre, a morte da mãe, os conflitos religiosos existentes no país, vigaristas que visam o lucro explorando o trabalho de crianças, tudo isso é retratado de forma chocante e realista.

Ao longo da narrativa, somos apresentados a dois personagens de extrema importância para o desenrolar da história. O primeiro, Salim, é o irmão mais velho de Jamal, que desde pequeno sempre teve uma inclinação para o mundo do crime, tendo chegado à vida adulta trabalhando com um gângster. A segunda personagem, Latika, é o amor de Jamal, a garota que cresceu em meio a pobreza juntamente com os dois irmãos.

O roteiro simples, a bela fotografia e a trilha sonora que em alguns momentos mistura ritmos tipicamente indianos ao Hip Hop fazem dessa história um sucesso completo de público e crítica, fazendo com que o filme seja merecedor de todos os prêmios recebidos ao redor do mundo. Foram oito Oscars (incluindo o de melhor filme), sete prêmios BAFTA (British Academy Film Awards), quatro Globos de Ouro, além de prêmios dados pelos Sindicatos dos Produtores e dos Atores.

O filme é para ser visto e apreciado nos mínimos detalhes, se tornando uma obra do cinema indispensável a todos aqueles que desejam ter novas experiênicias cinematográficas.

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The Pursuit

Gravadora: DECCA
Gênero: Jazz
Lançamento: 09 Novembro de 2009
Produtor: Greg Wells

Jamie Cullum é cantor de jazz e excepcional pianista mas não é um nome muito conhecido ou muito presente na grande mídia. Entretanto vocês já devem ter ouvido as músicas “Mind Trick”, parte da trilha sonora da novela Belíssima da Rede Globo, e “Everlasting Love”, da comédia romântica Bridget Jones no Limite da Razão. Além disso, Cullum também é famoso pelos diversos covers já feitos por ele indo de Frank Sinatra a Pharrell passando por Radiohead e Elton John.

Após quase dois anos com a turnê de “Catching Tales” Jamie decidiu tirar um ano de “férias” onde ele trabalhou com outros artistas, foi DJ juntamente com seu irmão e construiu seu próprio estúdio o Terrified Studios’s em Londres. Em 2009 ele fechou o ano trazendo seu quinto álbum, The Pursuit, tendo o titulo inspirado num romance de Nancy Mitford chamado “The Pursuit of Love” (A procura do Amor). The Pursuit começou a ser criado no Terrified Studio’s mas foi no verão de 2008 quando Cullum foi para Los Angeles trabalhar com o produtor Greg Wells que o álbum começou a ganhar vida. A grande maioria das músicas são parcerias entre Jamie e Greg além de diversos outros músicos incluindo alguns que trabalharam com o hit “Thriller” de Michael Jackson.

The Pursuit começa muito bem com a primeira faixa sendo uma recriação das músicas Love For Sale e Just One Of Those Things de Cole Porter em seguida vêm o single de lançamento “I’m All Over It”. Ouvindo o CD você vai esbarrando em diversos covers como o de “Don’t Stop The Music” da Rihanna, Leslie Bricusse em “If I Ruled The World” e Stephen Sondheim Not While I’m Around(trilha sonora do filme Sweeney Todd). Além disso as doze faixas se completam com sete músicas de sua autoria.

O mais interessante de Jamie Cullum é como ele consegue transformar músicas, a exemplo de Don’t Stop The Music que ele apresenta com uma cara de jazz não aquele clássico, mas ainda assim jazz. Por outro lado ele ao mesmo tempo consegue o inverso trazendo uma roupagem mais pop ao seu álbum. Além disso, no mesmo álbum ele junta influencias modernas e clássicas sem contrastar.

E não para por ai, em 2008 Jamie Cullum trabalhou com Clint Eastwood na criação da canção homônima do drama Gran Torino dirigido e estrelado por Eastwood, onde ambos foram indicados ao Globo de Ouro de Melhor Canção Original. Em outra parceria entre os dois Jamie criou a música tema do filme Grace Is Gone. Ambas as músicas são faixas bônus da edição de luxo de The Pursuit que acompanha um DVD com duas horas de extras e uma edição especial do encarte com a letra das músicas.

Pra quem assim como eu ta meio cansado desse pop chiclete (não desgruda da mente) The Pursuit é uma ótima pedida. Instrumental de primeira, letras bonitas e vocal impecável. Porém não se esqueça que o álbum é considerado jazz não vá ouvir esperando canções totalmente pop, mas acima de tudo o importante é ouvir a música sem preconceitos.