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Grindelwald, Dumbledore e o Poder

No ano passado, Melissa Anelli, webmistress do site The Leaky Cauldron, teve a grande oportunidade de entrevistar a autora J.K. Rowling para o seu livro: Harry, A History. Ela esteve na Escócia por dois dias apenas para falar sobre os livros de Harry Potter.

Foi também no ano passado, em 2009, em Junho mais precisamente, que ela deu as últimas novidades sobre a conversa privilegiada que teve com a autora da série.

Só agora, oito meses depois, ela traz novas atualizações em sua página.  O assunto da vez? Os sentimentos de Grindelwald por Dumbledore, a semelhança entre o Bruxo das Trevas e Lúcifer e a transferência de poder quando Harry toma a varinha de Draco, em Relíquias da Morte.

Para ler o texto da entrevista na íntegra, clique em ‘Continuar lendo’.

J.K. ROWLING
Dumbledore, Grindelwald e o Poder
Harry, a History – Melissa Anelli

E agora, como prometido… uma informação importante! Eu gosto bastante dessa. É outra com Jo (como desculpas por esperarem tanto por isso), e é um exemplo sobre o que eu escrevi no livro, como nós continuávamos falando sobre o canon e não sobre o fenômeno, porque nós estávamos, vamos admitir, como dois drogados com uma injeção de heroína fora do alcance. Eu estive na Escócia por dois dias apenas para falar sobre os livros, nós passamos dois dias inteiros falando sobre a trama e os temas e as personagens, e o que aconteceu a cada personagem, quando e o porque, e o que iria acontecer no futuro. Ninguém estava mais feliz do que eu em pesquisar esse fenômeno e fazer o tipo de trabalho de campo que eu liderei, e ninguém estava mais feliz do que eu em estar fazendo aquela entrevista sobre aquele assunto – mas houve momentos, muitos deles como esse agora, que o meu lado de fã simplesmente vencia e eu cedia ao desejo da curiosidade (então rapidamente me sentia culpada e voltava ao trabalho manual de verdade).

Que é como nós chegamos ao Dumbledore e o seu relacionamento com Grindelwald.

JKR: Eu acho que ele era um controlador e um narcisista e eu acho que alguém assim iria fazer uso, usaria a paixão. Eu não acho que ele iria retribuir desta forma, embora ele fosse tão deslumbrado por Dumbledore como Dumbledore foi por ele, porque ele via em Dumbledore, ‘Meu Deus, eu nunca soube que havia alguém tão brilhante como eu, tão talentoso como eu, tão poderoso como eu. Juntos, somos imbatíveis!’ Então eu acho que ele ia tomar tudo de Dumbledore para tê-lo ao seu lado.

MA: Isso me lembra WICKED, você já leu WICKED?

JKR: Não.

MA: Maguire reconta velhos contos de fadas e ele fez um livro muito cerebral sobre a Bruxa Malvada do Oeste, e Glinda, e como elas costumavam ser melhores amigas.

JKR: Oh, realmente…

MA: É muito semelhante; ela foi por um caminho para lutar contra a injustiça e lutar contra a bruxa, e Glinda foi por outro, para ser a figura política e jogar no sistema. Realmente interessante.

JKR: Bem, é a velha ideia do anjo caído em alguns aspectos, não é? É Deus e Lúcifer.

MA: Eu queria perguntar-lhe sobre isso, porque Grindelwald se assemelha – os cachos de ouro, a primeira pessoa em que pensei foi Lúcifer.

JKR: Mm-hm. Então você pode chamar de um laço fraternal, mas eu acho que isso torna mais trágico para Dumbledore. Eu também acho que faz Dumbledore um pouco menos culpado. Eu o vejo fundamentalmente como uma pessoa intelectual, muito brilhante e precoce cuja vida emocional foi totalmente subjugada à vida da mente – por sua escolha – e, em seguida, sua primeira incursão no mundo da emoção é catastrófica e eu acho que isso iria atordoar para sempre essa parte de sua vida e deixá-la embrutecida e ele seria, o que ele se torna. Foi isso o que eu vi como o passado de Dumbledore. Isso foi sempre o que eu vi como seu passado. E ele mantém uma distância entre si e os outros através do humor, certo distanciamento e uma frivolidade no tratamento.

Mas ele também é isolado pelo seu cérebro. Ele é isolado pelo fato de que ele sabe muito, adivinha tanto, e adivinha corretamente. Ele tem que jogar cartas por perto, porque ele não quer que Voldemort saiba do que ele suspeita. Terrível ser Dumbledore, realmente, no final ele deve ter pensado que seria muito bom sair fora e só esperar que tudo funcionasse bem. [Risos.]

MA: Porque ele criou este maciço jogo de xadrez —

JKR: Mm, este maciço jogo de xadrez. Eu disse para Arthur, meu editor americano – nós tivemos uma conversa interessante durante a edição do sétimo – o momento em que Harry toma a varinha de Draco, disse Arthur, Deus, esse é o momento em que a propriedade da Varinha das Varinhas é realmente transferida? E eu disse, está certo. Ele disse, isso não deveria ser um pouco mais dramático? E eu disse, não, de modo algum, pelo contrário. Eu disse para Arthur, eu acho que isso realmente coloca os elaborados, grandiosos planos de Dumbledore e Voldemort em seu lugar. Que, na verdade, a história do mundo mágico girava em torno de dois adolescentes lutando um contra o outro. Eles não estavam nem mesmo usando magia. Tornou-se uma pequena briga feia de canto pela posse das varinhas. E eu realmente gostei – aquele momento muito humano, em oposição àqueles dois bruxos que estavam controlando os fios e manipulando e implantando informações e administrando informações e guardando informações, você sabe?

Ultimamente, apenas resumiu-se a isso, um pouco de tumulto e briga no canto e impondo uma varinha.

MA: Isso diz muito sobre o mundo em geral, eu acho, sobre o conflito no mundo, são essas pequenas coisas

JKR: E a diferença que um indivíduo pode fazer. Sempre, a diferença que cada um pode fazer.

Por Bruno Longbottom

está na Potter Heaven há cinco anos, e hoje é editor do site. Corvinal, Jornalista, Cinéfilo apaixonado, não vê testralhos e não sabe voar de vassoura. No twitter, é o @bmaranhas.

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