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Charadas

J.K. Rowling, sem dúvida alguma, sabe como deixar sua trama misteriosa e envolvente. Muita coisa está escondida nas entrelinhas; mas em alguns casos específicos, como o Banco Gringotes e o desafio da Esfinge durante a última tarefa do Torneio Tribruxo, a autora deixou claro que sabe, sim, como deixar a gente com a pulga atrás da orelha.

Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, Rúbeo Hagrid afirma que só um louco tentaria roubar o banco dos bruxos, Gringotes. E mais a frente, quando chegam na entrada do mesmo, se deparam com a seguinte mensagem, deixada pelos duendes:

Entrem, estranhos, mas prestem atenção
Ao que espera o pecado da ambição,
Porque os que tiram o que não ganharam
Terão é que pagar muito caro,
Assim, se procuram sob o nosso chão
Um tesouro que nunca enterraram,
Ladrão, você foi avisado, cuidado,
pois vai encontrar mais do que procurou.

O próprio Hagrid disse acreditar que dragões guardam o banco, e Harry, em sua primeira visita ao local “pensou ter visto uma labareda no fim da passagem e se virou para conferir se era um dragão“. Se realmente era, talvez nunca cheguemos a saber.

Já em Harry Potter e o Cálice de Fogo temos algumas passagens interessantes e que deixaram o protagonista da série bastante confuso. A primeira delas é a respeito do ovo que Harry pegou na primeira tarefa do Torneio Tribruxo, onde Cedrico Diggory lhe dá a dica: “Toma um banho e… hum, leva o ovo junto e… hum, rumina um pouco a coisa debaixo da água quente. Vai ajudar você a pensar… acredita em mim.” Harry é claro, achou que era alguma piada mas resolveu aceitar a ajuda do aluno e foi até o banheiro dos monitores. Mergulhou com o ovo debaixo d’água e escutou uma música com a seguinte letra:

Procure onde nossas vozes parecem estar,
Não podemos cantar na superfície,
E enquanto nos procura, pense bem:
Levamos o que lhe fará muita falta,
Uma hora inteira você deverá buscar,
Para recuperar o que lhe tiramos,
Mas passada a hora – adeus esperança de achar.
Tarde demais, foi-se, ele jamais voltará

Com a ajuda da Murta-que-Geme, Harry descobriu que se tratavam de sereianos, que são descritos em Animais Fantásticos e Onde Habitam como:

Os sereianos existem em todo o mundo, ebora variem na aparência como os humanos. Seus hábitos e costumes permanecem tão misteriosos quanto os do centauro, embora os bruxos que aprenderam o serêiaco nos falem de comunidades excepcionalmente organizadas, cujo tamanho varia conforme a localização, havendo algumas com habitações muito bem construídas. Do mesmo modo que os centauros, os sereianos abriram mão da condição de “seres” em favor da de “animais”.

Os sereianos mais de que se tem registro são conhecidos pelo nome de sereias (Grécia) e é nas águas mais tépidas que encontramos as belas sereias descritas na literatura trouxa e representadas em suas pinturas. Os selkies da Escócia e os merrows da Irlanda são menos belos, mas revelam o mesmo amor à música comum a todos os sereianos.

Pessoas muito importantes para os campeões foram colocadas no fundo do Lago de Hogwarts para serem resgatadas. Harry, com medo de todos morrerem lá embaixo, decidiu ajudá-los, chegando por último na segunda tarefa do Torneio. Mas o que realmente nos interessa é ver como J.K. sabe dar um enigma aparentemente estranho que se desenrola e desvenda sozinho, tornando-se simples e bobo.

A segunda passagem que acho interessante no 4° livro da série ocorre durante a terceira tarefa do Torneio Tribruxo, quando Harry dá de cara com uma esfinge. Confira o trecho em que Harry encontra-a no labirinto:

Era uma esfinge. Tinha o corpo de um enorme leão; grandes patas com garras e um longo rabo amarelado que terminava em um tufo de cabelos castanhos. A cabeça, porém, era de mulher. Ela virou os olhos amendoados para Harry quando ele se aproximou. O garoto erguei a varinha hesitante. A esfinge não estava agachada como se fosse saltar, mas andava de um lado para outro da trilha, bloqueando seu avanço.

Então falou, com uma voz profunda e rouca:

– Você está muito próximo do seu objetivo. O caminho mais rápido é passando por mim.

– Então… então será que a senhora podia se afastar, por favor? – disse Harry, sabendo qual seria a resposta.

– Não – disse ela, continuando a sua patrulha. – Não, a não ser que você decifre o meu enigma. Se acertar de primeira, deixe-o passar. Se errar, eu o ataco. Permaneça em silêncio, e eu o deixarei partir, ileso.

O estômago de Harry escorregou alguns centímetros. Hermione é que era boa nesse tipo de coisa e não ele. O garoto avaliou suas chances. Se o enigma fosse muito difícil, ele podia se calar, ir embora sem se machucar e tentar encontrar um caminho alternativo para o centro.

– OK – respondeu ele. – Pode me dizer o enigma?

A esfinge se sentou nos quartos traseiros bem no meio da trilha e recitou:

Primeiro pense no lugar reservado aos sacrifícios,
Seja em que templo for.
Depois, me diga que é que se desfolha no inverno e torna a brotar na primavera?
E finalmente, me diga qual é o objeto que tem som, luz e ar e flutua na superfície do mar?
Agora junte tudo e me responda o seguinte:
Que tipo de criatura você não gostaria de beijar?

Harry encarou-a boquiaberto.

Sozinho, Harry teve que decifrá-lo – pela sua própria segurança. Parou um pouco e pensou nas partes, separadamente. A resposta para a primeira, “pense no lugar reservado aos sacrifícios, seja em que templo for” era ara, que nada mais é do que um altar; para a segunda, “me diga que é que se desfolha no inverno e torna a brotar na primavera“, rama; e para a terceira parte, “me diga qual é o objeto que tem som, luz e ar e flutua na superfície do mar?” era bóia. Juntando tudo, ara+rama+bóia, encontramos ararambóia.

Outra passagem interessante pode ser encontrada em Harry Potter e a Câmara Secreta, quando encontramos a mensagem escrita de sangue “Inimigos do Herdeiro, cuidado“, que se refere aos nascidos trouxas e ao próprio Harry, afinal de contas.

Outra é a profecia recitada por Sibila Trelawney, a respeito de Lord Voldemort e seu escolhido, no caso, Harry. Para saber mais sobre essa, clique aqui e confira tudo sobre ela.

E, para finalizar, uma que podemos encontrar em todos os livros até o sexto, exceto A Câmara Secreta e O Prisioneiro de Azkaban, são as canções do Chapéu Seletor, com mensagens para se refletir e as frases de Alvo Dumbledore, sempre profundas e importantes para Harry.

3 respostas em “Charadas”

Existem, claro, muitos outros enigmas, não explícitos, nas histórias de J.K.Rowling,
como, por exemplo, a cena, no final de O Prisioneiro de Azkaban, em que Harry “salva” a pele de Petter Pettigrew, ao impedir que seu padrinho, Sirius, o matasse. Ao invés disso, Harry prefere que Pettigrew vá para Azkaban.

Ao livrá-lo da morte, surge um “Pacto de Vida”, e que logo deveria ser pago por Petter.
Vejam:
“O Prisioneiro de Azkaban”, Página 342, 8º Parágrafo:
“-Pettogrew lhe deve a vida. Você mandou a Voldemort um emissário que está em dívida com você… Quando um bruxo salva a vida de outro, forma-se um certo vínculo entre os dois… e estarei muito enganado se Voldemort aceitar um sero em dívida com Harry Potter….
Mas confie em mim… quem sabe algum dia você se alegrará por ter salvo a vida de Pettigrew.”

Hehehehe… esse foi um dos “enigmas” mais interessantes da história… aquela dúvida: “Como será que Petter savaria a vida de Harry?!?! Incomcebível!”

Para maiores esclarecimentos, só lendo “As Relíquias da Morte”…

Sinceramente, eu gostaria de comentar sobre o final desse último enigma que tem seu desfecho em “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, mas acho que não seria justo com quem ainda não o leu… mas o Pacto de Vida quase não é comentado, em qualquer um dos livros da série, o que é um tanto estranho (excluindo, claro, os primeiros livros, já que Harry está apenas descubrindo o Mundo da Magia)mas, outro que é citado apenas no livro “O Enígma do Príncipe”, é o Voto Perpétuo, que consiste em uma promessa entre dois bruxos, sendo que um outro bruxo serve de “padrinho”, ou seja, testemunha do voto; se o Voto Perpétuo for quebrado por qualquer um dos dois bruxos, quem o quebrou morre…

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